Número de infectados pelo coronavírus no Brasil dobrou entre maio e junho
Informações são da pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas, em parceria com o Ministério da Saúde e Ibope Inteligência
atualizado
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Em entrevista coletiva na noite desta quinta-feira (2/7), o Ministério da Saúde divulgou os resultados da terceira fase da pesquisa sorológica feita em parceria com a Universidade Federal de Pelotas e o Ibope Inteligência – a Epicovid19. O estudo foi realizado com 89.397 pessoas de 113 cidades – a escolha foi feita de forma aleatória nos maiores centros urbanos de cada região intermediária determinada pelo Ibope.
A pesquisa é a maior do tipo realizada até agora no mundo, tanto em quantidade de pacientes testados quanto em área coberta.
Segundo os dados colhidos entre os dias 14/5 e 21/5; 4/6 e 7/6; e 21/6 e 24/6, a porcentagem de pessoas com anticorpos para o novo coronavírus dobrou. Na primeira coleta, o levantamento afirmava que 1,9% da população tinha sido exposta à Covid-19 e desenvolvido defesas. Na segunda, o número saltou para 3,1%, um aumento de 53%. Na última amostra, a porcentagem chegou a 3,8%, o dobro do percentual apurado em maio. O aumento entre as duas últimas medições foi de 23%.
Pedro Hallal, professor e reitor da Universidade Federal de Pelotas, diz que os números mostram uma desaceleração da epidemia no país. “É um ótimo resultado para o Brasil”, afirmou.
Queda no isolamento
Ainda de acordo com a pesquisa, o isolamento social também caiu com o passar do tempo. Na primeira etapa, 20,2% dos entrevistados disseram sair diariamente, número que saltou para 26,2% na última parte da pesquisa. Em maio, 23,1% afirmaram ficar sempre em casa, porcentagem que caiu para 18,9% no final de junho. A quantidade de pessoas que diziam só sair para atividades essenciais também caiu, de 56,8% para 54,8%.
Número real de infectados
Os dados da pesquisa sugerem que a quantidade real de pessoas infectadas com o coronavírus no Brasil deve ser cerca de sete vezes maior do que as informações oficiais dão conta.
Questionado se isso significaria que o país teria mais de 8 milhões de casos, Hallal explicou que não necessariamente. “É normal ter mais casos do que o notificado e nosso levantamento mostra que, nas cidades que fizeram parte da nossa amostra, o número real é 7 vezes maior. Mas, para dar esta previsão para ao resto do Brasil, depende da dinâmica de todos os outros municípios que não entraram na pesquisa”, ensina.
Segundo ele, a pesquisa feita na Espanha, que é a segunda maior do mundo, detectou que a realidade dos casos é 10 vezes maior no país.