Novos estudos evidenciam que crianças são menos afetadas pelo coronavírus
Pesquisa divulgada nesta semana mostra letalidade menor em crianças. Outro trabalho sugere que elas são menos contagiosas
atualizado
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Duas novas pesquisas realizadas na Europa trazem novas evidências de que a Covid-19 é, geralmente, uma doença leve em crianças e que elas parecem apresentar menos sintomas, além de serem menos contagiosas. As evidências surgem no momento em que governos de todo o mundo estudam a reabertura das escolas.
Cientistas da University College London, na Inglaterra, avaliaram a evolução do estado de saúde de 582 pacientes infectados com o vírus com idade entre 3 e 18 anos. Eles observaram que são raros os casos de morte entre elas. Das 363 crianças internadas com problemas respiratórios, menos de 10% precisaram ser transferidas para unidades de terapia intensiva (UTI) e apenas 25 delas, equivalente a 4%, usaram ventilação mecânica.
Os casos mais leves da doença não foram incluídos, o que significa que, caso fossem levados em consideração, os índices de gravidade seriam ainda mais baixos.
O estudo foi publicado na revista Lancet Child & Adolescent Health, nessa quinta-feira (25/06), com dados do Grupo de Ensaios Europeus da Rede de Tuberculose Pediátrica (ptbnet), que envolve 82 instituições de saúde de 25 países do continente, incluindo Reino Unido, Espanha e Áustria.
Os pesquisadores coletaram informações do período entre 1º e 24 de abril, quando a pandemia atingiu o pico na Europa. Quatro pacientes morreram nesse intervalo, dois tinham condições médicas preexistentes.
Outro estudo divulgado na terça-feira (23/06) sugere que crianças em idade escolar, entre 6 e 11 anos, não transmitem o novo coronavírus para colegas e professores. De acordo com os cientistas do Instituto Pasteur, meninos e meninas apresentam menos sintomas e são menos contagiosos.
Os especialistas analisaram 1.340 testes de detecção de anticorpos de moradores de Crepy-en-Valois, uma localidade no norte da França, que foi bastante afetada pela doença. No grupo havia 510 crianças e apenas 58 foram contaminadas. Na faixa etária entre 6 e 11 anos, foram identificados três casos de crianças que estiveram infectadas em um período em que as escolas estavam abertas, e, mesmo assim, elas não contagiaram nem professores nem colegas.
Um total de 61% dos pais de crianças infectadas também contraíram o vírus, em comparação com 6,9% dos pais de crianças não contaminadas. Os resultados indicam que são os adultos que infectam os filhos e não o contrário. O trabalho, entretanto, ainda não foi revisado pela comunidade científica e são necessários estudos mais abrangentes para avançar nessa afirmação.