Novo mundo: Portugal controlou a Covid e já volta à vida normal
País apostou na vacinação e na luta contra o coronavírus, como se estivesse em guerra. Hoje, é um dos mais avançados no controle da pandemia
atualizado
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No primeiro fim de semana de outubro, Portugal decretou, 14 meses depois do primeiro caso de Covid-19 diagnosticado no seu território, a “liberdade”. Após chegar à beira do colapso do sistema de saúde em janeiro e implementar um rigoroso lockdown, a nação conseguiu reverter o cenário e controlar o coronavírus, tornando-se um dos primeiros países europeus a derrubar as restrições e voltar à vida (quase) normal.
Não é mais obrigatório o uso de máscara em várias situações, apesar de o item ainda ser cobrado no transporte público, em algumas lojas, e em aglomerações em locais fechados. Bares e boates já funcionam normalmente, sem restrições, assim como os grandes eventos. O passaporte da vacina é exigido em algumas situações.
Entre quinta (7/10) e sexta-feira (8/10), o país registrou 841 casos novos da doença e apenas oito mortes. Também foi verificada uma leve alta na taxa de transmissão – que chegou a 0,91, mas ainda segue abaixo de 1, o que indica que a doença está controlada.
Saiba como as vacinas contra Covid-19 atuam:
Portugal se tornou um exemplo mundial, ao conseguir imunizar, com as duas doses, 85% da população. Basicamente todas as pessoas elegíveis a receber a fórmula contra a Covid-19 foram vacinadas (a porcentagem é de 98%), e o país já começa a desmontar centros de imunização por falta de público.
Depois de enfrentar uma hesitação no começo da campanha, o governo do país escalou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, um especialista em logística, para organizar a vacinação. A gestão do militar foi um sucesso, e ele é elogiado hoje por políticos de esquerda e direita, assim como por pesquisadores e médicos.
O gabinete de crise tratou a Covid-19 como uma guerra. O time contava com matemáticos, analistas, estrategistas e médicos para encontrar o melhor jeito de passar segurança à população em relação às vacinas. “Acreditamos ter chegado no nível de proteção coletiva e quase na imunidade de rebanho. As coisas estão muito boas”, afirmou Henrique Gouveia e Melo, em entrevista ao jornal The New York Times.
O país europeu tem, ainda, cerca de 2 milhões de vacinas em estoque para garantir a terceira dose à população idosa e imunossuprimida. A campanha de reforço deve começar na próxima semana.
Com o cenário quase de volta ao normal, as fronteiras já foram abertas para brasileiros. Porém, os dois países ainda não fecharam o acordo internacional de imunização e, por isso, Portugal ainda não reconhece o comprovante emitido pelo SUS. Por isso, brasileiros que queiram frequentar locais que exigem os passaportes de vacina (como alguns grandes eventos e boates) devem apresentar exame negativo para a Covid-19.