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Novo exame sorológico diagnostica zika com alta precisão

Teste desenvolvido por pesquisadores da USP identifica infecção mesmo após o término da fase aguda da doença

atualizado

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Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
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Um novo exame sorológico para o diagnóstico do vírus zika acaba de ser liberado para uso comercial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O teste, de alta precisão, é capaz de detectar a presença de anticorpos contra o vírus em amostras de sangue, até mesmo em pacientes que não estão mais na fase aguda da doença. O exame também demonstrou eficácia em pessoas que já tiveram dengue ou febre amarela.

Na fase de testes, mais de 3 mil mulheres de diferentes estados do Brasil foram submetidas ao exame. O método foi desenvolvido pela empresa AdvaGen Biotech, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e do Instituto Butantan. O projeto contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) por meio do Programa PAPPE/PIPE Subvenção.

A empresa detentora da patente tem capacidade para produzir 40 mil testes por dia. Após a liberação da Anvisa, o próximo passo é a validação do kit de testes junto aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), em Brasília, para a participação junto ao Projeto Cegonha, estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para o acompanhamento das gestantes em todo o país. O kit também está sendo apresentado para quatro laboratórios privados do Brasil e se encontra em fase de validação na Argentina e na Colômbia.

De acordo com Danielle Bruna Leal de Oliveira, pesquisadora do Laboratório de Virologia Clínica e Molecular do ICB-USP e coordenadora do projeto, os testes sorológicos colocados no mercado à época do primeiro surto da doença no Brasil, entre dezembro de 2015 e julho de 2016, eram pouco específicos. “[Os exames antigos] Podem dar um resultado falso positivo, caso o indivíduo já tenha tido dengue ou outra doença cujo patógeno pertence à mesma família dos flavivírus. E isso era muito comum em várias regiões do Brasil em que a dengue é endêmica”, reforça.

Com isso, a equipe de pesquisadores desenvolveu o teste sorológico para detecção da proteína viral à qual os anticorpos do tipo IgG (imunoglobulina G) aderem durante a infecção. Dessa forma, é possível identificar se a pessoa está imunizada, pois as proteínas permanecem no organismo anos após a infecção.

O objetivo é que o teste de baixo custo entre no rol de exames de pré-natal do Ministério da Saúde e das secretarias de saúde estaduais. Além de determinar quais pessoas já foram expostas ao vírus, o intuito é identificar casos de mulheres que foram infectadas pelo patógeno durante a gravidez e cujos bebês nasceram sem microcefalia. O diagnóstico servirá para que se faça um acompanhamento mais efetivo destas crianças, para avaliar se há complicações de desenvolvimento, como déficit cognitivo e dificuldades motoras.

“Nosso foco foi atender gestantes, principalmente. Com o novo teste, as grávidas que nunca foram infectadas passam a ter mais cuidados, como usar repelente e evitar áreas de risco. Já os casos de detecção do vírus durante a gravidez devem passar a ser acompanhados por mais tempo, mesmo que o bebê nasça sem microcefalia”, disse Edison Luiz Durigon, pesquisador do ICB-USP e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do novo teste.

Para Durigon, o novo exame pode ser estratégico para a formulação de políticas públicas. Segundo ele, a falta de dados e o fato da a microcefalia ser assintomática dificultam a noção do impacto da epidemia. “Acreditamos que cerca de 90% das gestantes que tiveram zika não relataram a doença por não terem notado a infecção. Portanto, muitas das crianças que nasceram sem microcefalia podem vir a apresentar disfunções que só serão percebidas a partir da idade escolar”, justifica. (Com informações da Agência Fapesp)

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