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“Nova onda de Covid deve ir até fim de fevereiro”, estima Julio Croda

Pesquisador da Fiocruz afirma que, sem dados atualizados, sistema de saúde pode colapsar sem que autoridades possam se antecipar

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Julio Croda
1 de 1 Julio Croda - Foto: Reprodução/Zoom

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, estima que a terceira onda de casos da Covid-19 deve se arrastar até o fim de fevereiro, no Brasil. A avaliação é feita com base no atual cenário da pandemia e como a variante Ômicron do novo coronavírus tem se comportado nos países em que chegou primeiro.

“A gente estima que a curva da variante Ômicron seja entre 30 e 60 dias. Essa nova onda de Covid-19 deve ir até o final de fevereiro, no máximo, início de março”, afirmou o infectologista em entrevista ao Metrópoles.

A descoberta da variante Ômicron, em meados de novembro de 2021, mudou o curso da pandemia. Em poucas semanas, o vírus ultrapassou as fronteiras de dezenas de países, levando ao aumento expressivo do número de novos casos diários em todo o mundo.

Na última quinta-feira (13/1), foram registrados 3,6 milhões de casos da doença em apenas 24 horas, segundo dados da plataforma Our World in Data. O recorde anterior era de 3,28 milhões de casos.

No Brasil, o primeiro diagnóstico foi confirmado em 30 de novembro de 2021, pelo Instituto Adolfo Lutz. Atualmente, a estimativa é de que a variante corresponda a 99% dos casos de Covid-19 no país devido ao seu alto potencial de transmissão. A média móvel de casos chegou a 68.074 no domingo (16/1).

O cenário mudou principalmente porque a variante tem maior escape de resposta imune e maior transmissibilidade. Ela tem uma taxa de contágio de 10 – três a quatro vezes maior do que a da variante original, duas a três vezes maior que a das variantes Gama e Delta.

“A gente vai ter uma explosão de casos, eventualmente uma explosão de hospitalizações, mais bastante pontual, com menor impacto do ponto de vista temporal do que ocorreu com a variante Gama, que durou quatro meses com recorde de hospitalizações e óbitos, chegando ao pico de 4 mil óbitos por dia no Brasil”, esclarece Croda.

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Isso porque a alteração apresenta cerca de 50 mutações, mais do que as outras variantes identificadas até o momento
Segundo a OMS, a Ômicron é mais resistente às vacinas disponíveis no mundo contra as demais variantes e se espalha mais rápido
Dores no corpo, na cabeça, fadiga, suores noturnos, sensação de garganta arranhando e elevação na frequência cardíaca em crianças são alguns dos sintomas identificados por pesquisadores em pessoas infectadas
Em relação à virulência da Ômicron, os dados são limitados, mas sugerem que ela pode ser menos severa que a Delta, por exemplo
O surgimento da variante também é uma incógnita para cientistas. Por isso, pesquisadores consideram três teorias para o desenvolvimento do vírus
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Detectada pela primeira vez na África do Sul, a variante Ômicron foi classificada pela OMS como de preocupação

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Isso porque a alteração apresenta cerca de 50 mutações, mais do que as outras variantes identificadas até o momento

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Segundo a OMS, a Ômicron é mais resistente às vacinas disponíveis no mundo contra as demais variantes e se espalha mais rápido

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Dores no corpo, na cabeça, fadiga, suores noturnos, sensação de garganta arranhando e elevação na frequência cardíaca em crianças são alguns dos sintomas identificados por pesquisadores em pessoas infectadas

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Em relação à virulência da Ômicron, os dados são limitados, mas sugerem que ela pode ser menos severa que a Delta, por exemplo

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O surgimento da variante também é uma incógnita para cientistas. Por isso, pesquisadores consideram três teorias para o desenvolvimento do vírus

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A primeira é que a variante tenha começado o desenvolvimento em meados de 2020, em uma população pouco testada, e só agora acumulou mutações suficientes para se tornar mais transmissível

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A segunda é que surgimento da Ômicron pode estar ligado ao HIV não tratado. A terceira, e menos provável, é que o coronavírus teria infectado um animal, se desenvolvido nele e voltado a contaminar um humano

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De qualquer forma, o sequenciamento genético mostra que a Ômicron não se desenvolveu a partir de nenhuma das variantes mais comuns, já que a nova cepa não tem mutações semelhantes à Alfa, Beta, Gama ou Delta

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Com medo de uma nova onda, países têm aumentado as restrições para conter o avanço da nova variante

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De acordo com documento da OMS, a Ômicron está em circulação em 110 países. Na África do Sul, ela vem se disseminando de maneira mais rápida do que a variante Delta, cuja circulação no país é baixa

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Mesmo em países onde o número de pessoas vacinadas é alto, como no Reino Unido, a nova mutação vem ganhando espaço rapidamente

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No Brasil, 32 casos foram registrados, segundo balanço divulgado no fim de dezembro pelo Ministério da Saúde

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Por conta da capacidade de disseminação da variante, a OMS orienta que pessoas se vacinem com todas as doses necessárias, utilizem corretamente máscaras de proteção e mantenham as mãos higienizadas

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A entidade ressalta ainda a importância de evitar aglomerações e recomenda que se prefiram ambientes bem ventilados

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Redução de novos casos

Depois da explosão da casos, espera-se que ocorra uma queda sustentada, como já é observado na África do Sul, em especial na província de Gauteng.

O primeiro epicentro da Ômicron no país africano vive a queda da curva de novos casos, hospitalizações e mortes provocadas pela Covid-19.

“Depois da chegada de uma nova variante, a gente tem o aumento importante do número de casos. A depender da cobertura vacinal, podemos ter aumento de hospitalização e óbito, e logo em seguida, uma queda brusca”, explica o pesquisador da Fiocruz.

Segundo Croda, as principais condições que poderiam favorecer a rápida transmissão do vírus, associadas a aglomerações e viagens, já ocorreram.

“Isso aconteceu durante o Natal e Réveillon e pode se intensificar durante o Carnaval. Mas é bom entender que essa nova onda já se iniciou e ela vai durar de 30 a 60 dias”, pontuou.

Apagão de dados

O apagão de dados do Ministério da Saúde após um ataque cibernético no início de dezembro prejudica não apenas as estatísticas, mas o enfrentamento da pandemia, com o planejamento de ações para resposta rápida ao aumento de casos, explica o pesquisador.

“A falta de planejamento em si pode levar ao colapso porque você não espera um aumento repentino, não está acompanhando a velocidade desse aumento e, de repente, os sistemas de saúde colapsam, como aconteceu em Manaus com o surgimento da variante Gama (em janeiro de 2021). A gente não estava monitorando adequadamente e, em duas semanas, os serviços colapsaram”, afirma Croda.

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