1 de 1 Ilustração mostra homem vestido de azul escuro com mãos na cabeça e nuvens ao redor dela - nevoeiro cerebral - Metrópoles
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Cerca de 10% das pessoas que tiveram Covid-19 desde o início da pandemia, em 2020, experimentaram a Covid longa, quando os sintomas da doença duram mais de 12 semanas. Entre eles, mais da metade tiveram o cérebro afetado pela doença, relatando problemas de memória e um declínio da capacidade cognitiva que ficou conhecida como nevoeiro cerebral.
Apesar da grande quantidade de pessoas com o quadro, até agora a ciência ainda não sabia o que causava a doença. Um estudo publicado quinta-feira (22/2) na revista Nature Neuroscience propõe uma hipótese.
Os pesquisadores irlandeses descobriram que em algumas pessoas a Covid-19 levou à destruição de microvasos sanguíneos no cérebro, o que gerou hemorragias quase imperceptíveis, debilitando a saúde do órgão e, consequentemente, a memória. Em alguns casos, as perdas foram irreversíveis.
“É a primeira vez que se consegue comparar o cérebro de pessoas com Covid longa que tiveram e ou não sintomas de declínio cognitivo e mostrar como a névoa cerebral se associou às pequenas hemorragias”, explica o neurologista Matthew Campbell, um dos autores da pesquisa, em comunicado à imprensa.
Estudo fez perfil de quem teve o nevoeiro cerebral
O estudo foi feito com 76 pacientes que estiveram internados ainda na primeira onda da Covid-19, em abril 2020. Os indivíduos tinham cerca de 44 anos e tiveram sintomas de Covid longa como falta de ar, fadiga e tosse prolongadas.
A pesquisa indicou que as pessoas que mais relataram nevoeiro cerebral foram os pacientes com idade mais avançada (média de 53,7 anos). O grupo também precisou de suplementos de oxigênio quando internados.
Para Campbell, a descoberta pode ajudar a encontrar tratamentos possíveis para a sensação de esquecimento pós-Covid, mas ainda não há uma resposta sobre como ela poderá ser combatida.
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Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada
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Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo
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Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais
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Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar
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A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus
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Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo
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Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma "segunda onda" dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo
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Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia
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Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecção, uma covid longa
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Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19 para chegar às complicações mais comuns
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O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52%
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Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedade
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O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar
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