Covid longa: nevoeiro cerebral pode durar até 2 anos após a infecção
Estudo mostrou que os impactos na função do cérebro após a contaminação pela Covid-19 seguem mesmo dois anos depois da infecção
atualizado
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O nevoeiro cerebral é uma das consequências mais comuns da Covid longa. Pessoas que experimentam estes sintomas sofrem com prejuízos na atenção, memória e concentração e, de acordo com um estudo publicado em 21 de julho na revista científica The Lancet, estes sinais podem seguir mesmo dois anos depois da infecção pelo coronavírus.
A pesquisa, realizada por médicos do King’s College de Londres, no Reino Unido, mostrou que indivíduos com Covid grave seguiram tendo desempenho pior em testes cognitivos mesmo tanto tempo após o contato com o vírus. Em alguns casos, pacientes com Covid longa tiveram uma performance condizente com a de indivíduos 10 anos mais velhos.
“A longo prazo, o comprometimento cognitivo leve pode evoluir para condições mais graves, como a demência. Portanto, para apoiar as pessoas a curto e longo prazo, é importante entender o tamanho e a duração dos efeitos do nevoeiro cerebral”, explica o cientista de dados Nathan Cheetham, um dos autores do estudo, em artigo publicado no site de divulgação científica The Conversation.
O estudo foi feito com 8 mil pessoas divididas em oito grupos. Um deles envolvia indivíduos que não tiveram Covid-19. Os outros sete incluíam participantes que tinham a doença ativa ou a tiveram vários períodos: menos de quatro semanas, entre 4 e 12 semanas ou mais de 12.
Como foram feitos os testes?
Foram realizados 12 testes on-line com os participantes em duas ocasiões: a primeira em julho de 2021 e a segunda, em abril de 2022. Na primeira rodada, mais de 3,3 mil pessoas concluíram o teste. No segundo turno, 2,4 mil completaram o exame — entre esses, 1,7 mil também haviam participado da primeira etapa.
As tarefas visavam cobrir uma variedade de elementos da função cerebral, incluindo memória visual, atenção, raciocínio verbal e controle motor. Versões semelhantes do teste estão disponíveis para qualquer pessoa experimentar on-line (em inglês).
Os participantes que foram infectados pelo coronavírus tiveram uma pontuação mais baixa de modo geral em todos os 12 exercícios, e os que apresentaram Covid longa por mais de três meses tiveram os piores resultados nos testes. O grupo com desempenho mais baixo foi o de pessoas mais velhas e com histórico de problemas psicológicos.
Danos da Covid longa se mantiveram com o tempo
Na segunda rodada de testes, os resultados foram muito semelhantes aos da primeira fase, indicando que quem teve pontuações mais baixas em 2021 por consequência do nevoeiro mental da Covid longa ainda sentia os sintomas em 2022.
Participantes que relataram uma vida normal após a infecção do coronavírus tiveram o teste igual ao de quem não se contaminou, mesmo se tiveram sintomas de longa duração.
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