Nem Parkinson, nem Alzheimer: conheça outros tipos comuns de demência
Neurologista Custodio Michailowsky Ribeiro explica características de outros três tipos de demências comuns
atualizado
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Cerca de um milhão de pessoas convivem com algum tipo de demência no Brasil, segundo dados da Biblioteca Virtual de Saúde, do Ministério da Saúde. A mais conhecidas é o Alzheimer – que afeta, principalmente, a memória e a capacidade de idosos se comunicarem. Outra bastante conhecida é o Parkinson, que provoca tremores, lentidão e outros prejuízos na parte dos movimentos e da locomoção.
As duas, no entanto, não são as únicas doenças degenerativas que podem acometer as pessoas. O neurologista Custodio Michailowsky Ribeiro, do Hospital Albert Sabin, de São Paulo, explica que existem outras demências que provocam mudanças de comportamento e todas elas são progressivas e sem chances de cura.
Nesses casos, a busca é por melhorar a qualidade de vida do paciente, diagnosticando o problema e tratando-o corretamente para amenizar os sintomas.
Saiba outras doenças degenerativas comuns:
Degeneração frontotemporal
A degeneração frontotemporal interfere em um dos hemisférios cerebrais, costuma ocorrer do lado esquerdo do cérebro e atinge adultos com idade acima de 50 anos. O quadro é mais comum entre mulheres e se estima-se que seja responsável por 5% a 10% dos casos de demência no país.
O principal indício são mudanças de comportamento do paciente. “Ocorrem depressão profunda, surtos psicóticos, hiperssexualidade, agressividade, dificuldade para fazer coisas da vida diária, como tomar um banho. Acontece de forma progressiva e muito rápido”, detalha o neurologista.
Um sintoma latente, segundo o médico, é a dificuldade de tomar decisões. “É comum que a pessoa sempre peça ao parceiro ou parceira para escolher a roupa, a comida. O indivíduo começa a ficar totalmente passivo”, completa. Sinais como fala e escrita prejudicada, lapsos de memória, alterações motoras e falta de cuidados pessoais e de higiene também podem aparecer.
Como o diagnóstico é feito principalmente pela mudança de comportamento, é importante que amigos e familiares estejam atentos ao sintomas e acompanhem o paciente até um geriatra, psicólogo ou até mesmo psiquiatra para o tratamento dos sintomas. Em alguns casos, podem ser indicados neurolépticos e antidepressivos.
Demência vascular
Esse tipo de demência pode aparecer em quem tem histórico de acidente vascular cerebral (AVC), pressão alta e diabetes. “Ainda é comum que os maus hábitos alimentares e a falta de cuidado com a saúde facilitem que os problemas crônicos avancem para algum tipo de demência”, lamenta Ribeiro.
O quadro é caracterizado por múltiplos infartos, quadros de isquemia ao longo da vida, que se agravam com o passar do tempo e se somam ao declínio da atividade cognitiva, como lapsos de memória e dificuldades locomotoras.
No caso da demência vascular, o tratamento é voltado para os fatores de risco, como a dislipidemia (nível elevado de gordura no sangue), hipertensão e diabetes. Para o tratamento, são indicadas as mesmas medicações para a doença de Alzheimer, além de hábitos de controle do colesterol e da obesidade, como ter uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas regularmente.
Demência dos corpos de Levy
Outro tipo mais comum de demência país, segundo o neurologista, é provocada pela presença de proteínas, chamadas corpos de Lewy, em regiões importantes do córtex cerebral, provocando declínio na atividade cognitiva. O problema é responsável por 10% dos diagnósticos de demência, ficando atrás do Alzheimer (55% dos casos) e da demência vascular (25% dos casos).
Os casos começam a partir dos 60 anos e são muitas vezes confundidos com Parkinson, pois os sintomas são parecidos. Segundo o neurologista, os pacientes muitas vezes apresentam o quadro associado a manifestações psiquiátricas. “Os pacientes apresentam surtos, alucinações visuais e auditivas, que são bem característicos do problema”, aponta o médico.
Alguns sinais iniciais do problema são transtornos de sono e dificuldades para avaliar distâncias que vão avançando a medida que a enfermidade progride no organismo. O diagnóstico deve ser feito por um neurologista, geriatra ou psiquiatra, após uma avaliação completa dos sintomas, do histórico familiar e da realização do exame físico.
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