Não há dados suficientes para recomendar 3ª dose da vacina, diz OMS
Entidade pede que o reforço não seja usado enquanto há países onde não existem doses para vacinar profissionais de saúde e idosos
atualizado
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Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (12/7), a coordenadora do Programa Expandido de Imunizações, do Departamento de Imunização, Vacinas e Biológicos, da Organização Mundial da Saúde (OMS), Ann Lindstrand, alertou que não há evidências científicas suficientes para recomendar a terceira dose da vacina contra a Covid-19, conhecida como booster do imunizante.
“As vacinas apresentam uma baixa na eficácia com o passar dos meses, mas isso acontece com vários imunizantes. Como propomos nas nossas recomendações, o esquema vacinal com duas doses dos imunizantes aprovados traz uma proteção boa e suficiente”, afirma.
A cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan, explica que, no futuro, pode ser que outra dose seja necessária, mas agora, com um pouco mais de seis meses após o começo da vacinação, ainda não faz sentido gastar os poucos imunizantes disponíveis. A mistura de vacinas, com uma dose de cada fabricante, também não é recomendada pela OMS por enquanto.
A cientista lembra também que, além de não ser necessário no momento, o booster aprofunda as diferenças socioeconômicas entre os países – enquanto algumas nações já organizam a terceira dose, países em desenvolvimento não possuem vacinas suficientes nem para imunizar profissionais de saúde da linha de frente nem idosos. Os diretores alertam novamente para a necessidade de imunizar as populações mais vulneráveis em todos os países a fim de evitar mortes e o surgimento de novas variantes que possam minar a eficácia das vacinas.
O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu que as fabricantes de imunizantes compartilhem o conhecimento para permitir que as vacinas sejam produzidas em mais países e a quantidade de doses disponíveis aumente o mais rápido possível. Ele deu o exemplo da AstraZeneca, que fechou contratos de transferência de tecnologia com vários países, como o Brasil. Por aqui, o imunizante é fabricado pela Fiocruz.
“O mundo inteiro está cansado, e é uma situação realmente decepcionante, não faz sentido. Precisamos compartilhar as vacinas, e quando eu falo compartilhar, não é dar de graça. Muitos países têm dinheiro para comprar, mas não há doses disponíveis no mercado. É um problema de produção, e o mundo tem como resolver isso. O que não temos é uma liderança global”, alerta.
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