Não é monkeypox! Veja outras doenças que causam lesões na pele
Feridas e bolhas acabam sendo confundidas, geralmente constrangimento de pacientes de outras doenças com sintomas dermatológicos
atualizado
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Um dos sinais mais característicos da varíola dos macacos (monkeypox) é o aparecimento de uma ou múltiplas feridas no corpo. Este sintoma, no entanto, não é exclusivo da doença que se espalhou pelo mundo nos últimos três meses.
Outras doenças virais, bacterianas e imunológicas também podem causar lesões cutâneas semelhantes, como herpes e sífilis, por exemplo. A semelhança entre os sintomas e o temor da infecção pelo vírus monkeypox acaba causando dúvidas entre os pacientes e situações constrangedoras.
No último mês, o caso de um homem com sinais semelhantes aos da varíola dos macacos no metrô de Madri, na Espanha, viralizou na internet depois que um médico divulgou uma foto dele no Twitter. Dias depois, o homem com as feridas desmentiu a história ao jornal espanhol 20 Minutos e contou que tem neurofibromatose, doença congênita que causa lesões nas extremidades do corpo.
O coordenador do departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Egon Luiz Rodrigues Daxbacher, reconhece que as lesões de algumas doenças podem ser facilmente confundidas pela população.
Por esse motivo, os pacientes devem se informar e procurar atendimento médico para identificar a condição responsável pelas feridas, seguir o tratamento e respeitar o isolamento, quando necessário, afim de evitar a transmissão.
Doenças que causam feridas no corpo
Varíola dos macacos
Na varíola dos macacos, as feridas começam como uma espinha plana e tendem a evoluir para bolhas com uma secreção altamente infecciosa. Elas costumam aparecer no rosto, palmas das mãos, solas dos pés, olhos, boca, garganta, virilha e regiões genitais e/ou anais do corpo e podem durar de duas a três semanas. Sintomas adicionais como febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, baixa energia e linfonodos inchados facilitam o diagnóstico.
Herpes
A herpes é uma doença que pode ser causada por dois tipos de vírus: o herpesvírus tipo 1 e tipo 2, que causam a herpes simples, e o varicela-zóster (VVZ), causador da catapora (varicela) e da herpes-zóster.
Enquanto o herpesvírus tipo 1 causa feridas e bolhas nos lábios e dentro da boca, o tipo 2 é caracterizado por lesões nos genitais e pode ser adquirido nas relações sexuais. Em geral, os quadros duram de sete a 14 dias.
Herpes-zóster
A herpes-zóster é mais comum em idosos, mas também pode acometer jovens. Além de dor, que pode persistir por meses, os pacientes desenvolvem vesículas distribuídas em trajeto linear, geralmente no tronco, rosto ou membros. A transmissão é rara, mas pode ocorrer para uma pessoa que não esteja imune à varicela e entre em contato direto com as lesões.
Sífilis
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. No estágio primário, ela se manifesta com uma pequena ferida indolor no local de entrada da bactéria – pênis, vagina, colo uterino, ânus ou boca – alguns dias após a infecção. Ela desaparece sozinha após algumas semanas.
Se a bactéria não for tratada, a doença pode desencadear o aparecimento de manchas, caroços pequenos e outras lesões nas palmas das mãos e plantas dos pés. O paciente também pode ter febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas. Os homens são os principais afetados pela doença, segundo dados do Ministério da Saúde, representando 59,8% dos pacientes.
Molusco contagioso
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a infecção viral causada pelo poxvírus, um parente da varíola, é mais comum em crianças. Elas apresentam pequenas bolhas brilhosas, da cor da pele, translúcidas e indolores, medindo cerca de 5 milímetros. Muitas vezes são confundidas com verrugas. A principal forma de infecção é pelo contato direto.
Diagnóstico
Daxbacher explica que o diagnóstico dessas doenças é feito majoritariamente com a avaliação visual das lesões por um médico dermatologista e o relato dos pacientes, incluindo o tempo de manifestação dos sintomas e histórico sexual, por exemplo.
Em casos de dúvida, o médico pode pedir exames específicos, como biopsia de pele, exame de fungo ou teste molecular (RT-PCR) feito por swab (cotonete), semelhante ao usado para o diagnóstico do coronavírus. Este último é o mais indicado para o diagnóstico da varíola dos macacos.
Prevenção
Em todos os casos, as medidas de prevenção incluem cuidados com a higiene e atenção aos hábitos diários, como não compartilhar objetos íntimos e evitar contato muito próximo com uma pessoa infectada, incluindo abraços, beijos e relações sexuais.
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