metropoles.com

Mutação genética faz homens viverem menos que mulheres, aponta estudo

Pesquisadores indicam que defeito que causa perda do cromossomo Y em células pode aumentar risco de doenças cardíacas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Foto colorida de homem tendo um ataque cardíaco-Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de homem tendo um ataque cardíaco-Metrópoles - Foto: null

Além de os homens fumarem, beberem e se exporem a atos imprudentes com maior frequência do que as mulheres, um estudo mostra que eles envelhecem mais rápido do que elas, o que pode ajudar a explicar por que vivem menos. O artigo, publicado na revista Science, revelou que uma mutação do cromossomo Y nas células sanguíneas aumenta o risco de problemas cardíacos e insuficiência do sistema imune.

Até então, não era possível explicar se o desaparecimento gradual do cromossomo no sangue tinha um papel causador de doenças associadas ao envelhecimento. O estudo foi divulgado em julho deste ano.

A publicação é a continuação de uma série de investigações iniciadas em 2014 pela equipe do pesquisador Lars Forsberg, da Universidade de Uppsala, na Suécia. A pesquisa inicial analisou a expectativa de vida em homens mais velhos com células sanguíneas que haviam perdido o cromossomo Y com a idade, em uma mutação conhecida como mLOY. O efeito registrado foi “enorme”, de acordo com o grupo de estudos.

De acordo com as pesquisas, homens com menos cromossomos Y apresentaram maior risco maior de desenvolver câncer, e viveram em média cinco anos e meio a menos do que aqueles que não perderam essa parte do genoma. Em outro estudo, Forsberg e sua equipe encontraram uma relação entre a mutação mLOY e o Alzheimer: homens com essa característica tinham três vezes mais chance de ter a doença degenerativa.

Os cientistas identificaram que 20% dos homens com mais de 60 anos têm a mutação no cromossomo Y. A partir dos 70 anos, a taxa sobe mais ainda, acometendo 40% dos indivíduos do sexo masculino. “Ela é, sem dúvida, a mutação mais comum em humanos”, explica Forsberg.

O bioquímico e coautor do artigo Kenneth Walsh, da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, explicou ao El País que o fator genético pode explicar mais de 75% da diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres acima de 60 anos. O cálculo do pesquisador foi feito a partir do estudo que indicou a redução de quatro anos de vida em homens com alta carga de mLOY.

O estudo

A pesquisa mais recente do grupo envolveu a alteração nas células-tronco sanguíneas de camundongos, que foram criadas para não ter o cromossomo Y. O trabalho mostrou que esses roedores desenvolveram fibrose, uma das doenças cardiovasculares mais frequentes em humanos, e morreram mais cedo do que os ratos normais. O dano foi revertido quando os pesquisadores deram pirfenidona aos camundongos, medicamento aprovado em humanos para tratar a doença.

Após os testes em animais, os autores analisaram a expectativa de vida de quase 15.700 pacientes com doenças cardiovasculares a partir de dados no biobanco público do Reino Unido. Em humanos, as conclusões foram de que a perda do cromossomo Y no sangue está associada a um aumento de 30% no risco de morte por doença cardiovascular.

O levantamento também revelou como o processo de fibrose acontece e identificou as chaves moleculares responsáveis pelo dano associado à mutação mLOY. Quando há perda do cromossomo Y, inicia-se um comportamento anormal dos macrófagos, tipo de célula de defesa no sangue. A ação forma cicatrizes no tecido cardíaco, conhecida como fibrose, aumentando o risco de insuficiência cardíaca.

Como acontece a perda do cromossomo Y

Existem três fatores de risco responsáveis pelo aumento da perda do cromossomo Y: os primeiros dois são o envelhecimento e outras mutações genéticas hereditárias, ambos inevitáveis. O terceiro é o tabagismo: “Fumar faz com que você perca o cromossomo Y do sangue de forma acelerada; e se você parar de fumar, as células saudáveis voltam a ser maioria”, explica Walsh.

Os dois cientistas acreditam que o estudo abre um “enorme” leque para o campo de pesquisa genético. Eles afirmam que é necessário estudar se homens com a mutação mLOY também têm fibrose no coração, e se ela é a causa de ataques cardíacos e outras doenças. Os autores também querem entender melhor por que perder o cromossomo Y é prejudicial à saúde.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?