Mutação do Nepal: o que se sabe sobre a variante do coronavírus
Governo britânico citou K417N de “variante do Nepal” como um dos motivos para retirar Portugal, que tem 12 casos, da lista verde de turismo
atualizado
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O governo britânico anunciou, nessa sexta-feira (4/6), que Portugal está fora da lista de países para os quais os britânicos podem viajar. A justificativa foi de que o país ibérico teve 68 casos da variante K417N, ou, como foi chamada pelo governo do Reino Unido, “variante do Nepal”, classificada “como uma mutação adicional potencialmente prejudicial”, que poderá ser mais transmissível e resistente às vacinas.
No entanto, João Paulo Gomes, microbiologista e cientista português do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), estranhou a decisão e o alarme do Reino Unido. Ele garante que esta cepa “não é nova” e diz ainda que a ocorrência de mutações quando uma nova variante chega a um país “é normal” e resulta de um processo de evolução do vírus, “à medida que se vai transmitindo de pessoa para pessoa”.
Em entrevista ao SIC Notícias, ele disse que a mutação, cujos números anunciados por Londres não correspondem à realidade, naturalmente merece vigilância, mas que os casos em Portugal são poucos, estão concentrados e perfeitamente identificados em pequenas comunidades.”Foram detetados apenas 12 casos de uma mutação da chamada variante indiana de Covid-19 e não 68 casos, como anunciou o Reino Unido”, afirmou.
O microbiologista explicou ainda que “essa mutação do Nepal, na realidade, é uma das pequeninas variantes dentro da variante indiana, que tem uma mutação que, naturalmente, merece vigilância porque está localizada na região do vírus associada à ligação às nossas células”.
Para que uma mutação de um vírus se transforme numa variante, é necessário que as mudanças sejam drásticas e correspondam a um padrão. Até o momento, a Organização Mundial da Saúde(OMS) não reconhece a existência de uma “variante nepalesa”, continuando a referir-se à variante associada à Índia como “indiana” ou “Delta”.
O professor Neil Ferguson, do Imperial College London, afirmou na sexta-feira que a variante Delta pode ser 60% mais transmissível do que a variante Alpha, encontrada pela primeira vez no Reino Unido.