Multiplicação do coronavírus cria células gigantes, com até 15 núcleos
Médico inglês fez autópsias e descobriu que proteína usada pelo novo vírus para invadir células acaba fazendo com que elas se fundam
atualizado
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O processo de autópsia de pacientes que morreram de Covid-19 é complicado: a alta carga viral do corpo e o perigo de contaminação dos profissionais têm impedido que médicos legistas entendam claramente os mecanismos usados pelo novo coronavírus no organismo humano.
Um dos poucos médicos que está analisando cadáveres, Mauro Giacca, do King’s College London, na Inglaterra, descobriu que o novo vírus cria células gigantes, com até 15 núcleos. O processo altera o tecido dos órgãos, que podem ficar irreconhecíveis.
A fusão de células por causa de vírus invasores não é incomum: o HIV, o vírus do sarampo e da herpes agem de forma parecida. No caso do coronavírus, há informações sobre outros micro-organismos da mesma família que se comportam de maneira semelhante.
O mhv4, que infecta o fígado de ratos, causa fusão celular por conta da proteína Spike, usada por ele (e pelo Sars-CoV-2) para invadir células e se multiplicar. Quando os novos vírus estão sendo criados, um pouco da proteína vai parar na superfície da célula e acaba estimulando a fusão de outros micro-organismos.
As células gigantes criadas podem danificar o tecido dos órgãos e causar a falência de suas funções. Há ainda mais um problema: a ciência especula que estes micro-organismos gigantes sejam pouco estáveis e de mutação mais fácil. O crescimento desordenado, aliado à mutação, pode causar câncer. Esta relação já foi feita com alguns vírus — pacientes com HPV, ou hepatite B e C, por exemplo, podem desenvolver a doença.