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Mulher realiza sonho de gestar após passar por cirurgia no útero

Fabiene Paes fez uma cirurgia robótica de cerclagem uterina para garantir uma gestação tranquila após retirar quase todo o colo do útero

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Duas imagens: na primeira, mulher grávida de máscara com uma mão na barriga. Na segunda, médicos ao redor de paciente deitada em sala de cirurgia - Metrópoles
1 de 1 Duas imagens: na primeira, mulher grávida de máscara com uma mão na barriga. Na segunda, médicos ao redor de paciente deitada em sala de cirurgia - Metrópoles - Foto: Imagem cedida ao Metrópoles

Um diagnóstico de câncer de colo de útero aos 26 anos e uma infecção bacteriana nas trompas quase impediram a gerente de projetos Fabiene Paes de realizar o sonho de ser mãe. Mas uma cirurgia robótica, feita na 13ª semana de gestação, mudou completamente a situação.

Fabiene precisou retirar quase todo o colo do útero em 2013, após descobrir um tumor do tipo adenocarcinoma no último estágio, já maligno. Em fevereiro de 2014, ao fazer um exame de histeroscopia diagnóstica, ela foi infectada por uma bactéria que se alojou nas trompas da jovem moradora de Campinas, em São Paulo, causando um abscesso.

“Eu sentia muita dor. Foi pior que o câncer”, compara. “Até então, a gente não sabia o tamanho do impacto que isso poderia causar”, conta. Fabiene e o marido, Caio Vinicius Borrasca, tentaram ser pais nos cinco anos seguintes, mas não conseguiram. Até que, em 2019, ela recebeu o diagnóstico de que não poderia engravidar naturalmente.

Em setembro do ano passado, o casal começou a preparação para a fertilização in vitro e, em maio deste ano, após a segunda tentativa, os dois descobriram que Fabiene estava grávida.

Mas havia mais uma complicação: por não ter o colo do útero, Fabiene corria um grande risco de precisar passar os últimos três meses da gestação internada para evitar um parto prematuro que pudesse colocar a vida do bebê em risco.

Foi então que surgiu a possibilidade de fazer uma cerclagem uterina. A cirurgia consiste na colocação de uma fita ao redor do colo do útero, na parte interna da cavidade abdominal, com o auxílio de um robô, para evitar que a gestante tenha um parto prematuro ou aborto.

“Há dez anos, sem a robótica como é hoje, os riscos eram muito maiores. Os médicos me falaram que a probabilidade de ficar internada em repouso absoluto por três meses por ter uma gestação de risco era muito grande. Quando meu obstetra falou sobre a possibilidade da robótica e que isso faria com que eu tivesse uma gravidez quase normal – podendo trabalhar, sair, ir ao shopping – fiquei aliviada”, conta.

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Fabiene passou pela cerclagem uterina em 14 de julho
O procedimento foi feito em duas horas
Marília deve nascer na segunda quinzena de dezembro
Fabiene e Caio tentaram engravidar por cinco anos
Marilia está saudável e se desenvolve bem
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Fabiene Paes e Caio Vinicius Borrasca esperam a primeira filha

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Fabiene passou pela cerclagem uterina em 14 de julho

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O procedimento foi feito em duas horas

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Marília deve nascer na segunda quinzena de dezembro

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Fabiene e Caio tentaram engravidar por cinco anos

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Marilia está saudável e se desenvolve bem

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A menina é aguardada pela família

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Cerclagem uterina

A cerclagem uterina é indicada principalmente para mulheres com histórico de perdas gestacionais ou partos prematuros devido a fragilidades do colo do útero, como dilatação indolor do colo uterino ou colo do útero curto – com menos de 25 milímetros antes das 24 semanas da gravidez.

O procedimento também pode ser realizado antes de a mulher engravidar, de forma preventiva para que ela leve a gestação com mais tranquilidade.

Na cirurgia, os médicos fazem incisões na paciente para inserir as cânulas que serão operadas pelo cirurgião por meio de braços robóticos guiados por joysticks, enquanto ele observa um monitor de alta resolução.

De acordo com o cirurgião Marcelo Vieira, médico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, quando a paciente já está grávida, o procedimento deve ser realizado no segundo trimestre de gestação, entre a 14ª e 16ª semanas.

“As medicações para anestesiar a paciente podem trazer alguma alteração para a criança quando o bebê está muito novinho. E, depois deste período, o útero fica muito grande e essa paciente aborta porque o colo uterino segura a criança dentro do útero, mas se ele começa a se abrir, faz a criança entrar em parto prematuro”, explica o cirurgião.

Presente de Natal

Fabiene fez a cirurgia na Beneficência Portuguesa em 14 de julho, quando estava com 14 semanas de gestação. Embora já tenha passado por 11 cirurgias ao longo dos últimos dez anos, esta foi a mais importante.

“Antes era só comigo. Dessa vez, envolveria a minha filha, em uma cirurgia com anestesia geral e um robô mexendo no meu útero, mas confiei nos meus médicos e tentei me controlar até o dia”, lembra.

O procedimento levou apenas duas horas. Fabiene chegou ao hospital no início da manhã e teve alta no fim da tarde. “O que mais me surpreendeu foi sair no mesmo dia do hospital. Eu já passei por muitas cirurgias e nunca tive alta tão rápido”, conta.

O procedimento foi um sucesso e Fabiene se recupera em casa, animada com a possibilidade de curtir cada fase da gestação de Marilia com cautela, mas podendo ter uma vida normal. O parto está marcado para a segunda quinzena de dezembro, entre a 36ª e 37ª semanas de gestação. Um presente de Natal para a família.

“Tudo aconteceu no tempo de Deus. Se eu tivesse engravidado antes, não sei como faria sem os avanços da ciência e tecnologia. O pior já passou”, conta, emocionada.

Método menos invasivo

Como a tecnologia continua evoluindo, o robô que fez o procedimento em Fabiene já foi substituído. A Beneficência Portuguesa passou a realizar, neste ano, a plataforma Versius. O robô proporciona uma cirurgia ainda menos invasiva para mãe e bebê.

A BP é a segunda instituição do mundo a oferecer o robô — até o momento, apenas uma paciente fez a cerclagem profilática para poder engravidar com mais tranquilidade no futuro. Até então, apenas a Austrália havia realizado a cirurgia com a nova tecnologia.

“Ele possibilita uma cirurgia mais delicada, com movimentos de pinça mais sofisticados, menor risco de complicações no procedimento cirúrgico e melhor recuperação da paciente, com alta precoce”, explica Vieira.

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