“Envelheci 20 anos em 2 semanas”, conta mulher com menopausa precoce
Anna Sullivan, diagnosticada com o câncer em 2017, relata que envelheceu 20 anos em apenas duas semanas após começar o tratamento
atualizado
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O câncer de mama é uma das doenças que mais afetam mulheres em todo o mundo, exigindo tratamentos que podem ser desafiadores tanto físico quanto emocionalmente. Em alguns casos, as terapias podem desencadear sintomas precoces da menopausa, como aconteceu com Anna Sullivan, diagnosticada com a doença aos 37 anos.
Em outubro de 2017, Anna encontrou um caroço logo acima do seio direito e presumiu que fosse algo que “sobrou” da amamentação do filho, que tinha 18 meses na época. No entanto, a morte da mãe dois anos antes, devido a um câncer agressivo, a levou a buscar avaliação médica.
Após exames, ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama precoce, receptor de estrogênio positivo (ER+), o que dispensava quimioterapia. Dois meses depois, passou por uma mastectomia unilateral e iniciou um tratamento de dez anos com medicação diária para bloquear o estrogênio e injeções trimestrais para interromper o funcionamento dos ovários.
“Meu oncologista informou que os dois tratamentos iriam me empurrar para a menopausa”, escreve Anna, em artigo publicado no Huffpost. Sem ter conhecimento sobre o fim da menstruação, ela não fez perguntas complementares, mas os efeitos surgiram rapidamente.
Sintomas da menopausa causados pelo tratamento para o câncer
Em poucas semanas, Anna começou a ter insônia, suores noturnos, ondas de calor intensas, dores musculares, alterações de humor, fadiga e ondas de calor.
“Eu também tinha sintomas da Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM), que causava infecções frequentes do trato urinário e secura vaginal que atrapalhavam minha vida sexual. Aos 37 anos, eu era Benjamin Button ao contrário — envelheci 20 anos em apenas duas semanas”, relata.
Além dos sintomas físicos, a menopausa induzida também afetou a vida social da norte-americana. “Eu me sentia isolada na minha experiência. Não conseguia falar com meus amigos porque ninguém no meu círculo tinha passado por isso”, lembra.
Buscando alívio, Anna experimentou vitaminas e suplementos que proporcionaram diminuição das dores. Contudo, notou como o mercado voltado para menopausa promovia uma cultura de consumo baseada em produtos que prometiam “antienvelhecimento”, mas pouco ajudavam.
“No começo, achei impossível resistir aos produtos lindamente embalados — a promessa de que um suco verde ou óleo corporal poderia restaurar minha juventude roubada. Comprei diversos produtos caros e embora nenhum deles realmente funcionasse, sempre parecia haver outro que eu poderia comprar”, conta.
Com o tempo, Anna ajustou sua rotina e começou a priorizar a saúde. Ela adaptou os exercícios físicos, focando na força e na mobilidade óssea, em vez de se preocupar apenas com a perda de peso. Além disso, passou a encarar o envelhecimento de forma mais saudável, reconhecendo que a menopausa não é apenas sobre ondas de calor e secura na pele, mas também sobre o aumento do risco de condições médicas graves, como osteoporose e demência.
“Para mim, tem sido sobre redefinir minhas expectativas em torno da beleza e meu senso de autoestima, bem como abrir mão da necessidade de medir os padrões de qualquer outra pessoa, exceto os meus”, diz.
O diagnóstico de câncer também mudou a perspectiva dela sobre o tempo. Anna lembra que, nos primeiros dias após a biópsia, era consumida pela ansiedade e pelo medo de não ver seus filhos crescerem ou de não ter a chance de ser avó. “Eu queria desesperadamente sobreviver ao câncer e envelhecer”, relembra.
Mas o tratamento hormonal e a menopausa induzida a fizeram sentir como se sua juventude tivesse sido roubada. Ela precisou, então, resgatar o que era essencial: o fato de estar viva.
Hoje, Anna busca equilibrar o amor-próprio com o cuidado diário, entendendo que envelhecer não é algo a ser corrigido, mas uma parte natural da vida.
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