1 de 1 Imagem colorida de mulher vestida de vermelho ao lado de criança em local de área verde - Metrópoles
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Acreditando que os vapes eram menos prejudiciais à saúde do que os cigarros tradicionais, a britânica Jodie Hudson, 26, decidiu, há dois anos, fazer a troca. Porém, em pouco tempo, ela adquiriu um vício no cigarro eletrônico — por ser mais socialmente aceito e não ter o cheiro forte característico, ela fumava o dia inteiro.
“Eu estava fumando toda hora e em qualquer lugar. Era como uma chaminé, mas me sentia muito mais tranquila do que quando usava o cigarro tradicional, apesar de o vape também ter nicotina. Você pode escolher o sabor, e não fica com o cheiro residual. Eu estava usando o vape descartável, e comprava um por dia”, conta Jodie ao site Daily Mail.
Porém, em setembro, a britânica começou a ter tontura forte e falta de ar tão severa que não conseguia andar direito. “Minha respiração estava muito ruim. Não conseguia comer e acordava toda hora com meu próprio ronco durante a noite”, lembra.
Jodie teve uma crise de pânico com medo de ficar sem oxigênio e decidiu procurar um médico. Apenas a caminhada entre o carro e a porta da emergência foi suficiente para que ela ficasse tremendo, sem forças e sem conseguir respirar.
Ela estava com oxigenação e pressão baixas, além de taquicardia. Jodie passou por uma série de exames e foi diagnosticada com pneumonia relacionada ao uso de vape. O óleo presente no produto pode entrar nos alvéolos, causando uma resposta inflamatória.
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Cada vez mais popular no Brasil, o vape, cigarro eletrônico ou e-cigarrette tem se tornado um verdadeiro fenômeno entre os jovens. O produto, geralmente, tem aparência semelhante a de um cigarro comum, mas também pode ser encontrado em formato de pen drive ou caneta
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Em uma embalagem colorida, com sabores diferentes, sem o cheiro ruim do cigarro tradicional e com uma grande quantidade de fumaça, os produtos são muito comuns, especialmente, entre pessoas de 18 a 24 anos, apesar de serem proibidos no Brasil
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No geral, o produto é composto por bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho de nicotina líquida. Esses mecanismos são responsáveis por aquecer o líquido que produz o vapor inalado pelos usuários
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Apesar de serem bastante usados no mundo inteiro e, inicialmente, tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros comuns, os vapes são perigosos para a saúde, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM)
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Os médicos afirmam que os cigarros eletrônicos são “uma ameaça à saúde pública” e oferecem ainda mais riscos do que os cigarros comuns, além de serem porta de entrada dos jovens no mundo da nicotina
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Esses especialistas afirmam que o filamento de metal que aquece o líquido é composto de metais pesados que acabam sendo inalados, como o níquel, substância cancerígena
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Ainda segundo os especialistas, o líquido produzido pelo cigarro eletrônico tem pelo menos 80 substâncias químicas consideradas perigosas e responsáveis por reforçar a dependência na nicotina
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Além disso, o uso diário de cigarros eletrônicos causa estado inflamatório em vários órgãos do organismo, incluindo o cérebro. Novas pesquisas indicam que a utilização também pode desregular alguns genes e fazer com que o usuário desenvolva uma condição chamada EVALE, lesão causada pelo produto nos pulmões
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O neurologista Wanderley Cerqueira, do Hospital Albert Einstein, explica que os efeitos no usuário variam dependendo da nicotina e dos sabores líquidos, que influenciam a forma como o corpo responde às infecções. Segundo ele, vapes de menta, por exemplo, deixam as pessoas mais sensíveis aos efeitos da pneumonia bacteriana do que outros aromatizantes
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O especialista alerta que as células imunológicas parecem ser desativadas à medida que os pulmões são continuamente encharcados com produtos químicos. Esse processo enfraquece as defesas do organismo contra ameaças como pneumonia ou câncer
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Ainda segundo o médico, mesmo os vapes sem sabor são perigosos. Isso porque eles possuem outros aditivos químicos em sua composição, como propilenoglicol, glicerina, formaldeído e a própria nicotina, que causa câncer
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Uma pesquisa da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, encontrou níveis perigosos de toxinas em produtos usados para conferir sensação mentolada em cigarros eletrônicos. Foram verificados problemas em várias marcas dessas substâncias mas, principalmente, na Puffbar, uma das mais populares do mundo
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Os cientistas encontraram níveis das toxinas WS-3 e WS-23 acima dos considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no fluido do produto. Dos 25 líquidos analisados, 24 tinham WS-3, por exemplo
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As substâncias são usadas em aditivos alimentícios para dar o “frescor” do mentolado sem o sabor de menta, mas não devem ser inaladas. Elas são encontradas também em produtos nos sabores de manga ou baunilha
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“Não me surpreendi, mas acreditei que a situação poderia ser muito pior se eu continuasse fumando o vape. Minha mãe me disse que eu precisava parar, senão ia morrer”, lembra a britânica. “Quando fui internada, achei que nunca ia sair viva. Eu só queria ver meu filho uma última vez. Foi muito assustador”, conta.
Jodie ainda não sabe se os danos causados pelo vape em seu pulmão são permanentes.