Mulher com prótese de orelhas: “Ouvi sons que não sabia que existiam”
A moradora do Reino Unido nasceu sem orelhas devido a uma doença genética rara. Há 20 anos, ela realizou uma cirurgia inovadora de próteses
atualizado
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Para a maioria das pessoas, a capacidade de audição é natural. Por isso, é até difícil imaginar como deve ser surpreendente a sensação de captar sons com exatidão pela primeira vez. Esse é o caso de Janet Craven, 67 anos, que nasceu sem o órgão auditivo e teve a vida transformada por uma cirurgia inovadora de prótese de orelhas.
A britânica tem síndrome de Treacher Collins, uma doença genética rara interfere no desenvolvimento do rosto, principalmente as maçãs do rosto, mandíbulas, orelhas e pálpebras.
Durante a vida, ela passou por várias cirurgias para reconstruir a estrutura facial. Mas somente há 20 anos, quando Janet colocou próteses de orelhas, ela conseguiu escutar de forma apropriada. As orelhas são feitas de silicone e foram presas à cabeça por meio de implantes de titânio no osso e ímãs.
A cirurgia foi realizada em 2002, no Hospital Pinderfields, em Wakefield, no Reino Unido. Janet foi uma das primeiras pessoas no país a se submeter ao procedimento.
Experiência traumática
Em entrevista à BBC, Janet lembra que, antes de colocar as próteses, o aparelho auditivo que usava era muito ruim, e se sentia como se estivesse em um “túnel”. “Quando as pessoas me falavam algo, eu só ouvia 10 minutos depois. Eu estava sempre atrasada nas conversas”, explica.
Por conta da síndrome, Janet conta que sempre se sentiu “fechada e tímida” e usava os cabelos para cobrir o rosto por se sentir mal com a própria aparência. Com as novas orelhas, ela pôde cortar seus longos cabelos e “se sentir mais normal, usar brincos”.
A britânica diz que, nos primeiros dias depois da cirurgia, a maior surpresa foi a quantidade e intensidade de barulhos inéditos para ela.
“Havia todos esses barulhos ao meu redor e eu não sabia de onde eles vinham. Eu estava parada no semáforo e congelei porque havia o som do trânsito, e coisas como o vento, que eu nunca tinha ouvido antes”, declarou, em entrevista à BBC.
Processo de adaptação
Porém, o período de adaptação às próteses não foi tão simples, e teve alguns imprevistos. Nas palavras de Janet, os primeiros 12 meses depois da cirurgia foram “um pesadelo”.
Ela contou que o cachorro dela, um Yorkshire terrier chamado Kirby, chegou a comer suas orelhas. “Eu bebi alguns drinques, fui para a cama e esqueci de tirar minhas orelhas. O cachorro deve ter pulado na cama no meio da noite e comido. Acordei na manhã seguinte e havia muitos pedaços de silicone por toda parte. Meu brinco ainda estava lá, mas os ímãs se foram”, lembra.
Segundo a britânica, outro momento memorável foi quando ela viajou de férias para o exterior pela primeira vez, e os ímãs e implantes acionaram o alarme no equipamento de segurança do aeroporto.
Dependendo do estado das próteses, novas orelhas são produzidas para ela a cada dois ou três anos. A expectativa de Janet é que o próximo conjunto de orelhas venha com mais furos para que ela possa usar mais brincos. A mulher também teve várias atualizações em seu implante auditivo. O dispositivo atual, por exemplo, é conectado e controlado por meio de seu telefone celular.
Agora, ela tem esperança de arrecadar dinheiro para uma instituição de caridade, o Institute of Maxillofacial Facial Prosthetics and Technologists, bem como para o Bradford Teaching Hospitals, entidades que a apoiaram. “Eu realmente quero ajudar e dar algo de volta para aqueles que me ajudaram tanto”, conclui.
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