Mulher com câncer passa por cirurgia inovadora para manter fertilidade
Em fase experimental, cirurgia de transposição uterina pode ser uma alternativa para manter capacidade reprodutiva de pacientes com câncer
atualizado
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Uma mulher diagnosticada com câncer do colo do útero passou por uma cirurgia inovadora para tentar preservar sua capacidade reprodutiva antes que fosse iniciado o tratamento com radioterapia.
A paciente, que tem 24 anos e não possui filhos, é uma das primeiras a ser submetida à técnica de transposição uterina, que muda os orgãos reprodutivos de lugar temporariamente. O procedimento foi realizado na Santa Casa de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 26 de fevereiro.
O tratamento do câncer com radioterapia tem impacto na fertilidade da mulher. Doses elevadas de radiação para inibir o crescimento das células cancerígenas podem destruir os óvulos das pacientes, provocando infertilidade ou menopausa precoce.
A radioterapia na região do útero também pode resultar em cicatrizes, limitando a flexibilidade e o fluxo de sangue, que são necessários para o órgão durante uma gravidez. Como consequência, o risco de sofrer abortos ou de que o bebê nasça prematuramente aumenta.
Técnica inovadora
Desenvolvida em Curitiba, no Paraná, pelo cirurgião oncológico Reitan Ribeiro, a técnica possui duas etapas. Na primeira, é feita a transferência provisória dos órgãos reprodutivos da mulher – do útero e dos ovários – para a parte de cima do abdômen. Isso permite que as aplicações radioterápicas sejam feitas na parte inferior sem comprometer a integridade dos órgãos.
A vagina da paciente é temporariamente fechada e a região do colo do útero passa a ser ligada ao umbigo, que é aberto para liberar o fluxo menstrual. Ao final do tratamento radioterápico, os órgãos são realocados nos locais originais.
A paciente se recuperou bem da primeira fase do procedimento, e começou o tratamento com radioterapia logo em seguida. A segunda cirurgia está prevista para ser realizada na próxima quinta-feira (11/4), no mesmo hospital em que foi realizada a primeira etapa. Agora, os órgãos serão devolvidos aos seus devidos lugares.
“Essa é uma técnica brasileira ainda bastante recente, mas que pode ser consolidar como uma aliada para a proteção dos órgãos reprodutivos de mulheres em tratamento de tumores no reto, intestino ou vagina, por exemplo”, explica a ginecologista Rosilene Jara Reis, especialista em cirurgia oncológica e oncologia pélvica.
A médica integrou a equipe do cirurgião Reitan Ribeiro, criador da técnica, durante o procedimento. Os cirurgiões oncológicos Cássio Bona Alves e Ermani Cadore também participaram da cirurgia de transposição.
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