Novo estudo diz que Mounjaro pode reduzir gordura no fígado
Pesquisa mostrou que os efeitos do Mounjaro vão além do emagrecimento e podem até diminuir risco de agravamento de doenças no fígado
atualizado
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O Mounjaro é um remédio que leva a um emagrecimento tão intenso que foi apelidado de “King Kong” pela mídia americana. A perda de peso promovida pelo medicamento tem um efeito amplo no organismo que pode melhorar até doenças no fígado, segundo estudos recentes.
O remédio funciona de forma semelhante ao Ozempic mas com um princípio ativo diferente, a tirzepatida. Indicado para o tratamento de diabetes tipo 2 e também da obesidade, ele leva o corpo a queimar suas reservas de gordura e isso tem impacto na saúde do fígado.
De acordo com estudo publicado no dia 8 de junho no The New England Journal of Medicine, o remédio pode reduzir o acúmulo de gordura no órgão, melhorando sintomas de uma condição grave, a esteatohepatite metabólica, que pode ter consequências semelhantes à cirrose no organismo.
O que é a esteatohepatite?
Segundo o cirurgião de fígado e pâncreas Eduardo Ramos, do Instituto de Cirurgia Robótica do Paraná, a condição ocorre quando o acúmulo de gordura no fígado se torna tão intenso que o órgão inflama.
“A formação de depósitos de gordura no fígado pode ter diferentes causas, mas as principais são as doenças metabólicas e a obesidade. Sem tratamento, ela pode desencadear uma inflamação chamada esteatohepatite que, com o tempo, pode se tornar cirrose, levar ao câncer ou gerar a necessidade de um transplante”, explica ele.
O acúmulo de gordura no fígado pode ser justificado por fatores genéticos, mas em geral está associado ao consumo de álcool, dietas desbalanceadas, sobrepeso, diabetes, uso de medicamentos hormonais por longos prazos e sedentarismo.
Estima-se que 20% da população mundial pode ter o problema de saúde sem saber, já que a condição evolui silenciosamente até que os primeiros sintomas sejam manifestados. Os sinais, porém, podem aparecer quando há pouca opção de tratamento — por isso, a esteatohepatite é uma das principais causas de transplante de fígado no mundo.
Como o Mounjaro melhorou a saúde do fígado?
O estudo com o Mounjaro testou o remédio em 190 pacientes que tinham esteatohepatite metabólica, também chamada de MASH ou NASH. Eles estavam no estágio 2 ou 3 da doença (a partir do grau 4, a condição já é considerada cirrose).
Os voluntários foram divididos em quatro grupos: um tomou placebo e os outros receberam doses diferentes do remédio: 5, 10 e 15 mg. Todos foram orientados a ter uma alimentação saudável e a fazer exercícios regulares.
A pesquisa apontou que quanto maior a dose, melhor a resposta dos voluntários ao tratamento. Nos grupos que tomaram o remédio, 51,8%, 62,8% e 73,3% dos participantes alcançaram estabilidade do quadro ou uma redução do estágio, respectivamente. Entre aqueles que receberam o placebo ao longo das 52 semanas da pesquisa, só 13,2% tiveram melhora.
No panorama geral, 55% dos participantes do estudo tiveram redução de ao menos um grau na esteatohepatite. O uso da tirzepatida foi associado a melhorias no peso corporal e nos marcadores de exames sanguíneos que indicavam lesão ou gordura no fígado, além de queda na inflamação e fibrose no órgão.
Os pesquisadores acreditam que a melhora no quadro esteja associada à indução da queima das reservas de gordura do organismo, motivada pelo emagrecimento desencadeado pelo medicamento. Quanto maior a queda de peso do participante, maiores os impactos na esteatohepatite.
Para o diretor médico da Eli Lilly (fabricante do remédio), Luiz André Magno, o Mounjaro pode se tornar uma alternativa de tratamento para pessoas que não estão conseguindo tratar a esteatohepatite apenas com mudanças de hábitos.
“Hoje, temos poucas opções terapêuticas para esses pacientes. Por isso, os resultados são tão animadores: queremos ter uma alternativa para tratar a condição”, afirma.
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