Mosquito CLT? Saiba curiosidades sobre o temido Aedes aegypti
Mosquito Aedes aegypti é o principal culpado pela epidemia de dengue sem precedentes que vivemos. Informação é essencial para combatê-lo
atualizado
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No meio de uma epidemia de dengue que parece ser a maior da história, o maior vilão não é mais um vírus que viaja invisível pelo ar. Agora, o problema é o Aedes aegypti, um mosquito listradinho capaz de carregar várias doenças além da dengue (zika, chikungunya, mayaro e febre amarela, por exemplo).
Apesar de ser velho conhecido dos brasileiros e todos saberem como eliminá-lo, o Aedes continua se reproduzindo por aí. Mesmo com a vacina, o único jeito de parar a epidemia é diminuindo ou até eliminando completamente o mosquito — por isso, ele se tornou protagonista nas últimas semanas.
Quanto mais soubermos sobre o Aedes aegypti, maior a chance de sucesso na guerra contra o mosquitinho. Confira algumas curiosidades e informações sobre ele:
Mosquito CLT?
O Aedes aegypti normalmente circula em dois horários específicos: no início da manhã, entre as 7h30 e 10h, e no fim da tarde, por volta das 16h e 19h. Porém, ele não se limita a esses horários.
“O mosquito está se adaptando à urbanização e pode atacar em qualquer horário. Ele pica durante todo o dia, mas alguns horários são mais propícios para sair do criadouro”, ensina o biólogo Gil Amaro, professor do Centro Universitário de Brasília (Ceub).
As fêmeas passam doenças, mas machos também são importantes
As fêmeas dos mosquitos se alimentam de sangue humano — elas precisam da substância para nutrir os ovos –, e se contaminam quando picam uma pessoa doente. O vírus precisa de cerca de 12 dias para se multiplicar no inseto e colonizar as glândulas salivares. A partir daí, quando a mosquita pica, passa a doença à vítima.
Em contrapartida, apesar de não picarem humanos (eles se alimentam da seiva de frutas), os mosquitos machos ficam mais próximos do criadouro, de onde os ovos eclodiram. “A presença deles é um alerta para procurar os criadouros e eliminá-los”, conta o biólogo.
Porém, é difícil diferenciar os mosquitos a olho nu. A fêmea tecnicamente é um pouquinho maior, enquanto os machos têm os palpos (uma estrutura que serve de equilíbrio para pousar e se alimentar) maiores. Mas ambos são listrados e têm quase o mesmo tamanho.
A cor da roupa faz diferença?
Em qualquer filme de aventura, onde os personagens se aventuram por florestas, o figurino é sempre parecido. Roupas claras e leves. Amaro conta que a escolha tem explicação: uma das estratégias do mosquito é a camuflagem, e ele gosta de locais pouco iluminados, úmidos e de cor escura, onde pode se esconder tranquilamente.
“Para se esconder, preferem roupas, armários, sofás ou paredes escuras. Na natureza, se escondem em troncos de árvores e em locais com mato alto”, explica.
O Aedes já foi erradicado do Brasil
Nos anos 1950, o Brasil conseguiu erradicar o mosquito do território nacional usando técnicas polêmicas, como venenos que fazem mal à saúde humana e agentes que entravam compulsoriamente na casa das pessoas.
Porém, nos anos 1970, o mosquito apareceu de novo, vindo de outros países da América do Sul. Além da proximidade geográfica, em um mundo cada vez mais globalizado, ele pode acabar sendo transportado sem querer dentro de malas, aviões, carros e navios.
“O Aedes está presente em 167 países. O aumento de criadouros por falta de saneamento básico aliado às mudanças climáticas colaboram com o aumento de mosquitos, já que são diminuídas a quantidade e diversidade dos predadores naturais do mosquito, além de aumentada a velocidade de crescimento dos insetos. Se o saneamento básico não for efetivo, haverá mais criadouros e essa combinação só piora o cenário”, afirma o professor.
Ainda assim, Amaro acredita que é possível repetir o feito e erradicar o Aedes aegypti. Com a tecnologia que temos hoje (incluindo o uso da bactéria Wolbachia) e informação, seríamos capazes de interromper a proliferação dos mosquitos.
“Porém, toda política pública depende da população para ser efetiva. Hoje, 75% dos criadouros estão dentro das casas e apartamentos”, aponta o biólogo.
Por que um mosquito carrega tantas doenças?
Uma das principais vantagens do Aedes aegypti em comparação a outros mosquitos é que ele se adaptou perfeitamente a ambientes urbanos. Como se reproduz em recipientes de água parada, normalmente em residências, ele está acostumado a viver nas cidades.
Por se alimentar de sangue humano e estar perto das vítimas, o mosquito consegue picar muita gente — se pega alguém doente, os vírus são transmitidos de forma simplificada.
“Essa espécie também se destaca pela sua capacidade de carregar múltiplos patógenos simultaneamente, o que significa que um único mosquito pode transmitir diferentes doenças durante sua vida”, conta o infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e professor da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) – Campus Guarujá.
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