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Mosquito borrachudo pode transmitir novo zika, alertam cientistas

A arbovirose, conhecida como febre oropouche, virou notícia nos últimos dias e pode virar um problema de saúde pública a qualquer momento

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1 de 1 combate ao mosquito - Foto: Istock

Depois da dengue, do zika e do chikungunya, outro vírus ameaça o sossego dos brasileiros. A febre oropouche, como é chamada a arbovirose, virou notícia nos últimos dias com o caso de um paciente infectado no litoral da Bahia. E, segundo especialistas, pode virar um problema de saúde pública no país a qualquer momento.

Isso porque, embora circule há alguns anos na região amazônica, o vírus tem dado sinais de que pode se adaptar bem às regiões urbanas. O alerta partiu do médico Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), durante uma palestra na 69° Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na última quarta-feira (19/7).

A preocupação é dupla: além de a doença ter sintomas parecidos com os da dengue e do zika, o que poderia levar a diagnósticos errados, o mosquito transmissor é o borrachudo, um velho conhecido da população. Assim como as viroses transmitidas pelo Aedes aegypti, os primeiros sinais do oropouche incluem febre alta, dor de cabeça atrás dos olhos e erupções cutâneas avermelhadas.

A preocupação não é exclusiva do Brasil. Ainda de acordo com o especialista da USP, o vírus tem circulado por outros pedaços do continente americano, como no Peru e alguns países do Caribe.

Sinal amarelo
Embora tenha acendido um sinal amarelo, o alerta de Figueiredo ainda não é motivo para pânico, conforme avaliação de médicos ouvidos pelo Metrópoles. “O oropouche já foi isolado há muitas décadas e, aqui no Brasil, temos na região amazônica e, de vez em quando, em pequenas cidades. Mas tudo ainda bem ‘pouquinho'”, comenta a epidemiologista Maria da Glória Teixeira, professora da Universidade Federal da Bahia e diretora da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

De acordo com a médica, que também faz parte dos comitês de monitoramento e avaliação do Programa Nacional de Controle da Dengue e da Secretaria de Vigilância em Saúde, ambos do Ministério da Saúde, todo cuidado é bem-vindo, especialmente em casos de doenças ainda pouco estudadas.

Embora os surtos sejam pequenos, não sabemos ainda qual a capacidade que ele tem de produzir grandes epidemias. Por isso temos sempre que ter cuidado. Mas, neste momento, não há em nenhum lugar do mundo um motivo concreto para uma maior preocupação. O alerta, no entanto, é válido.

Maria da Glória Teixeira, epidemiologista

Como qualquer doença causada por vírus, a febre oropouche não tem cura — o tratamento é apenas sintomático. Também não há vacina ainda contra a virose. Além dos sintomas clássicos como febre, dores no corpo e olhos e manchas na pele, na sua forma mais grave, o vírus pode levar a complicações do sistema nervoso central, como encefalite e meningite. Estes casos, no entanto, são raros.

“Nos estudos feitos no Brasil, a febre do oropouche não levou ninguém à morte”, tranquiliza o infectologista Werciley Júnior, chefe da comissão de controle de infecção do Hospital Santa Lúcia. “Ela não deixa sequelas. Essa é uma vantagem em relação a outras arboviroses, como a chikungunya. Pensando em pronto-socorro, um lugar onde você precisa descartar de cara aquilo que pode matar o paciente, a preocupação maior continua sendo a dengue.”

DF atento à situação nacional
Embora nenhum caso tenha sido registrado no Distrito Federal, a Secretaria de Saúde está atenta à progressão ou não da doença pelo país. Quem garante é Laurício Monteiro, responsável técnico pela Diretoria de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde. “A febre do oropouche está no Brasil já faz muito tempo”, diz o especialista. “Mas como é transmitido pelo borrachudo, é mais comum em regiões ribeirinhas e onde passam córregos. Aqui, o ciclo dela ainda não se estabeleceu, mas nós e todas as secretarias do Brasil ficamos atentos a aparições de casos em ambientes urbanos.”

Segundo Monteiro, uma hipótese que mantém atentos os especialistas é a de que outros mosquitos como o Aedes e o Cúlex (pernilongo comum) passem a ser vetores também da febre oropouche. A possibilidade, no entanto, não tem ainda comprovação científica.

Veja algumas formas de se prevenir e de cuidar da picada do mosquito borrachudo:

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Outra dica boa é usar roupas compridas, diminuindo assim a área de exposição da pele
Após a picada, recomenda-se lavar o local com água. Para ajudar a diminuir a coceira, passe álcool ou vinagre de maçã
Caso tenha reação alérgica, uma opção é passar pomada anti-histamínica
Também para diminuir a coceira, podem ser usadas pequenas quantidades de suco de limão no local da picada
O mel também ajuda a acalmar a pele
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Passar repelente não é garantia de proteção, mas é um dos melhores métodos para reduzir as chances de ser picado pelo mosquito

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Outra dica boa é usar roupas compridas, diminuindo assim a área de exposição da pele

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Após a picada, recomenda-se lavar o local com água. Para ajudar a diminuir a coceira, passe álcool ou vinagre de maçã

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Caso tenha reação alérgica, uma opção é passar pomada anti-histamínica

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Também para diminuir a coceira, podem ser usadas pequenas quantidades de suco de limão no local da picada

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O mel também ajuda a acalmar a pele

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