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Mortes por Covid-19 estão no platô há 13 semanas. Quando vão cair?

Curva de mortes no país está estável em um nível considerado “muito alto” pelo Ministério da Saúde. Descaso com distanciamento pode explicar

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Ambulância deixa paciente com cornavirus (covid-19) no Hran
1 de 1 Ambulância deixa paciente com cornavirus (covid-19) no Hran - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Às vésperas de completar seis meses do primeiro caso confirmado de coronavírus no país, o Brasil ainda luta contra a infecção. Desde que a Covid-19 desembarcou aqui a curva que mede a evolução da quantidade de óbitos foi piorando até atingir uma aparente estabilização — os pesquisadores chamam a situação de platô.

Porém, o país estacionou o número de mortes em um patamar considerado alto pelo Ministério da Saúde. Nos últimos sete dias, por exemplo, a média móvel de falecimentos registrados por dia foi de 976.

Segundo o gráfico divulgado pelo governo na coletiva de imprensa que aconteceu na última quarta-feira (19/8), o cenário de mortes por Covid-19 está mais ou menos estabilizado desde a semana epidemiológica 21, que compreende o intervalo entre os dias 17/5 e 23/5. As informações do Ministério da Saúde vão até a semana 32, que acabou em 8/8. Nas apresentações, o secretário de vigilância em saúde da pasta, Arnaldo Correia, afirma que variações de até 5%, para mais ou para menos, são consideradas estáveis.

O consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Leonardo Weissmann, explica que há uma relação direta entre a quantidade de casos confirmados e mortes por coronavírus. “O Brasil é um país com dimensões continentais. Com isso, temos estados com queda nos casos, enquanto observamos aumento em outros. Temos diferentes fases da pandemia dentro de um mesmo país, enquanto os novos diagnósticos não caem, os óbitos ficarão estáveis”, afirma o especialista.

Ainda de acordo com o governo, depois de uma grande alta, a curva de casos novos parece estar se estabilizando há duas semanas.

Este tipo de curva, com um platô alto e muito longo, não aconteceu em outros países que lidaram com a pandemia. A professora do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em imunologia Andrea Maranhão explica que a diferença do Brasil em relação aos outros países foi não ter levado a sério o distanciamento. “Permitimos que o vírus chegasse, ficasse e se espalhasse. Não tivemos força para manter as medidas que foram implementadas no começo da epidemia e permitimos que esse platô se instalasse. A taxa de mortalidade brasileira é parecida com a de outros países”, explica.

Segundo Maria Yury Ichihara, da coordenação executiva da Rede Covida, parte do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs), vinculado à Fiocruz Bahia, ter uma curva em platô é uma vitória, considerando a flexibilização precoce do isolamento social. Ela acredita que há, entretanto, algumas dificuldades em se basear pela curva de óbitos: ela pode não ser correta, pois há atraso na notificação das mortes e baixa testagem.

“Nossa curva crescente não corresponde à quantidade de óbitos. Enquanto uma subiu, a outra se estabilizou. Mas, além da subnotificação, a preocupação com os idosos e a tentativa de mantê-los isolados pode estar ajudando, já que a mortalidade é maior nesse grupo”, afirma. “Não acredito que nós tenhamos um platô na realidade, é preciso testar mais e acompanhar”, opina a pesquisadora.

Como abaixar esta curva?
Para Weissmann, para que o cenário mude e as duas curvas comecem, finalmente, a descer, é preciso que cada pessoa faça a sua parte. “O vírus está circulando. É necessário que não haja relaxamento nas medidas de prevenção: distanciamento de um metro entre uma pessoa e outra, uso correto de máscaras por todos e higienização frequente das mãos, lavando com água e sabão ou usando álcool em gel a 70%”, diz.

Andrea acredita que a saída é retroceder. Apesar de ser muito difícil voltar ao lockdown para segurar a disseminação do coronavírus, é preciso voltar atrás em algumas flexibilizações e passar por todo o processo de abertura novamente, mas de forma mais inteligente. “Se tivermos dados certeiros (captados pela vigilância epidemiológica), podemos dizer onde exatamente está o foco e agir apenas nesse local. Esse olhar mais preciso é o que está sendo feito em outros países, mas, para isso, precisamos de testes, acompanhamento e um protocolo que dê detalhes sobre o paciente”, explica.

A pesquisadora Maria Yury concorda que o isolamento é cada vez mais necessário, principalmente, para a população com mais de 40 anos. Se as pessoas adoecem, existe a probabilidade de morrerem em consequência da Covid-19. “Precisamos proteger essa população, manter as medidas de distanciamento, evitar aglomerações e usar máscara. Enquanto não tivermos a vacina, não é possível proteger a população sem usar essas medidas”, afirma.

A orientação do Ministério da Saúde é que se procure atendimento médico logo nos primeiros sintomas para tratar a infecção no começo e evitar que o quadro evolua e seja preciso intubar o paciente.

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