Mortes em casa por doenças cardiovasculares aumentam em 32% na pandemia
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) associa os casos ao acesso limitado aos hospitais no período e o medo da Covid-19
atualizado
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Um levantamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), com dados dos Cartórios de Registro Civil brasileiros, mostrou que, entre 16 de março a 31 de maio, 15.847 pessoas morreram em casa por doenças cardiovasculares, incluindo acidente vascular cerebral (AVC), infarto e doenças cardiovasculares inespecíficas.
O número é preocupante porque representa um aumento de 32,17% em comparação ao mesmo período de 2019 – quando foram registrados 11.990 óbitos – e pode ser justificado pelo medo que alguns pacientes têm em procurar atendimento médico em meio à pandemia da Covid-19.
De acordo com o presidente da SBC, Marcelo Queiroga, esse crescimento está ligado a três fatores: acesso limitado a hospitais em locais onde houve sobrecarga do sistema de saúde, redução da procura por cuidados médicos devido ao distanciamento social ou por medo de contrair Covid-19 e o isolamento, que prejudica a detecção de sintomas gerados por patologias cardiovasculares.
Os dados estão disponíveis no painel Especial Covid-19, novo módulo do Portal da Transparência do Registro Civil, atualizado pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil). O projeto tem também o apoio de médicos e pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O Distrito Federal registrou aumento de 19% no número de mortes por doenças cardiovasculares no período analisado, desde o início da pandemia no Brasil até a última semana de maio desde ano. Os estados com maior crescimento foram Amazonas (94%), Pernambuco (85%), São Paulo (70%), Ceará (63%), Espírito Santo (45%), Alagoas (43%), Rio Grande do Norte (35%) e Pará (34%).
Também houve aumento de 88,7% nos óbitos em domicílio causadas por doenças cardiovasculares inespecíficas, como morte súbita ou parada cardiorrespiratória. Os casos passaram de 3.619, entre março e maio de 2019, para 6.829 no mesmo intervalo de 2020.