Momo, Suzano, Nova Zelândia: como tratar conteúdo violento com criança
Especialista sugere proximidade com os filhos e conversa franca para desfazer medos provocados pela exposição a conteúdos impróprios
atualizado
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A semana que passou registrou dois casos de violência gratuita que espantaram o mundo e também as crianças: os ataques a uma escola em Suzano (SP) e a uma mesquita na Nova Zelândia. Nesta segunda-feira (18/3), um personagem macabro que assombra o universo infantil também voltou à pauta: a boneca Momo teria sido vista infiltrada em um vídeo para crianças, sugerindo que elas cometessem suicídio. A sucessão de conteúdos violentos e impróprios deixou mães e pais assustados em relação à exposição dos filhos às informações e aos boatos que circulam na internet.
Especializada no atendimento de crianças e adolescentes e doutora em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo (USP), Fabiana Gauy afirma que a faixa etária mais afetada é a das crianças entre 8 e 13 anos, pois elas são mais expostas a esse tipo de conteúdo que as menores e ainda não têm a maturidade necessária para compreender a multiplicidade de fatores envolvidos em ocorrências como essas. “Eles [jovens nessa idade] têm menor discernimento sobre os fatos, um ataque a uma escola pode deixá-los com medo de sair de casa, de frequentar um shopping center ou de ir a uma festa de amigos”, explica.
A sensação de insegurança pode produzir medo generalizado, que deriva para uma ansiedade constante. Outro efeito ruim seria a normalização da violência, as crianças acharem que os atentados são um fato corriqueiro, sem a carga de rejeição que devem provocar. “Os pais devem tentar se antecipar, falar sobre o assunto com as crianças para tranquilizá-las”, afirma Fabiana Gauy. A sugestão da especialista é uma conversa franca na qual se diga que eventos assim são devastadores, mas excepcionais, e o risco de os filhos serem vítimas é baixo.
Em relação à boneca Momo, Fabiana recomenda que os pais a qualifiquem da mesma maneira que se referem aos medos provocados pela “loira do banheiro” ou pela “mulher de branco”. “É necessário deixar claro que estes personagens não existem, que são boatos e que a criança deve parar de ver e avisar os pais caso um desses personagens esteja nos vídeos aos quais ela tem acesso”, ensina. Fabiana insiste que a utilização de eletrônicos por crianças e adolescentes deve ser acompanhada pelos pais e regulada. “É muito importante colocar limites. O uso não deve passar de uma hora”, afirma.