“Momento é de impedir propagação”, afirma Jarbas Barbosa, da Opas
Sanitarista brasileiro que participa do esforço internacional para conter o coronavírus reforça a importância da vigilância epidemiológica
atualizado
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O sanitarista brasileiro Jarbas Barbosa ocupa o cargo de número 2 na Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e participa do esforço internacional para a contenção da epidemia de coronavírus na China.
Na tarde de quinta-feira (30/01/2020), Barbosa estava embarcando de Washington para Genebra, onde fica a sede da Organização Mundial da Saúde (OMS), para ajudar a formatar os planos da cooperação global para a contenção do vírus. O especialista reforça que todos os países devem se preparar para receber casos da doença e que o mais importante, neste momento, é que consigam evitar a propagação interna.
O que significa uma emergência de saúde pública global?
É o reconhecimento de que são necessários esforços conjuntos para contê-la [a epidemia]. A OMS já havia declarado risco alto para a China e os países que fazem fronteira com ela. Como o país é um parceiro comercial muito importante de vários outros países, e o fluxo de pessoas entre países é intenso, a atuação coordenada é muito necessária, por isso trata-se de uma emergência global. A prioridade é conter a epidemia na China e evitar que ela se espalhe para os outros países. As ações práticas que garantem isso são o fortalecimento das medidas de isolamento, que evitam o contato e a transmissão.
Algum país da América corre mais risco do que os outros?
Qualquer país pode receber um caso de coronavírus. Todos os países precisam estar preparados para identificar imediatamente um caso de importação do vírus e tomar as medidas que evitam o contágio.
Em quanto tempo o senhor imagina que a doença chegará ao Brasil? O país está preparado para reagir à ameaça?
É impossível prever isso. Um caso importado pode chegar a qualquer momento, por isso o sistema de vigilância epidemiológica precisa estar atento para as medidas de identificação, isolamento e tratamento. O Brasil, assim como outros países da América Latina, avançou muito em relação a esse sistema de vigilância. Sempre há desafios, mas acredito que esse sistema está bem estabelecido sim.
É possível prever como será a disseminação do vírus nas próximas semanas?
Não. As últimas informações que temos é que a velocidade de disseminação está diminuindo na China. Nos últimos três dias, de acordo com as informações repassadas, a procura nos hospitais tem diminuído. Mas não podemos dizer que, de fato, esse comportamento vai se manter ou que a China já passou pelo pior momento.