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Mindful eating: entenda a prática de comer com consciência

Deixar as distrações de lado na hora de comer ajuda a controlar compulsão alimentar, além de estimular o autoconhecimento

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Quantas vezes você parou para comer sem fazer nada além disso? A prática de prestar atenção ao momento em que se come é conhecida como mindful eating, ou “comer com consciência”. Além de observar aspectos do alimento em si, como aroma, textura, temperatura e sabor, a alimentação consciente prega uma avaliação sobre si mesmo: aquela refeição está sendo feita por fome ou para aplacar algum sentimento, como angústia, ansiedade ou medo?

“Geralmente as pessoas estão distraídas, sem perceber se estão com fome, com vontade de comer ou mesmo se estão demorando demais para comer”, descreve Valéria Lemos Palazzo, psicóloga clínica e neuropsicóloga, especialista em transtornos alimentares e da ansiedade e coordenadora do Grupo de Apoio dos Distúrbios Alimentares (GATDA). Apesar de ter a mesma prerrogativa da técnica de meditação conhecida como mindfulness, que é estar sempre atento ao momento presente, Valéria explica que o mindful eating não é uma forma de meditação. “Não é uma hora para meditar, mas para estar no aqui e no agora.”

Além de estar consciente do momento presente enquanto come, é importante prestar atenção ao efeito que os alimentos provocam nos sentidos. Sensações físicas e emocionais que surgem com o ato de comer também entram na lista de coisas a serem observadas.

Para começar a alimentar-se de forma consciente, o primeiro passo é parar de comer no “modo automático”, prestando atenção à quantidade de comida que se põe no prato, por exemplo. “A pessoa, muitas vezes, está acostumada a pegar três colheres de arroz e uma concha de feijão todos os dias, só que a nossa fome e saciedade varia de um dia para o outro”, detalha Valéria Palazzo. “Em alguns dias aquilo não vai ser suficiente, em outros será muito. O segredo é estar atento.”

Pode parecer trabalhoso, mas, de acordo com Valéria, saber apreciar a refeição plenamente é uma habilidade natural. “Não é preciso tirar um tempo a mais para fazer isso, porque todo mundo tem que parar para comer. É uma questão de estar realmente presente”, frisa a especialista. “São tantas dietas que perdemos a noção da nossa fome, da nossa vontade. Deveríamos saber fazer isso naturalmente.”

Começar aos poucos, desconectando uma distração por vez, é uma boa forma de treinar a prática. Luana Macedo, nutricionista da RG Nutri, dá a dica: tente se concentrar em uma sensação de cada vez e vá somando-as conforme a prática avança. “Primeiro se desconecte do celular, TV, livro, revista, etc, para se conectar com o momento presente”, ensina. “Depois, perceba como estão seus pensamentos, sentimentos e sensações físicas no corpo.”

Respirar antes de cada refeição, checar o nível de fome (observando a presença e intensidade dos sinais como o roncar do estômago, fraqueza, dor de cabeça, irritabilidade, entre outros) e notar pensamentos, lembranças, sentimentos que surgem durante a escolha dos alimentos e o ato de comer são outros fatores que ajudam no comer consciente. “No meio da refeição, cheque novamente o estômago. Como está o nível de fome agora? E de saciedade?”, detalha a nutricionista.

Um dos maiores benefícios de comer sem distrações é não ultrapassar os próprios limites, ou seja, não comer mais nem menos do que se está precisando no momento. A lista de vantagens não para por aí: além de uma maior percepção física e emocional relacionada à alimentação, a prática ajuda na identificação de gatilhos emocionais ao comer. “O mindful eating ajuda a lidar com o comer demais ou excessivo e a compulsão alimentar, o que pode ser praticado com mais formalidade e regularidade em programas específicos de atenção ao comer, que são as intervenções baseadas em mindfulness”, completa Luana Macedo.

Os princípios da alimentação plena:

• Permitir a si mesmo tornar-se consciente das oportunidades positivas que estão disponíveis através da seleção e preparação dos alimentos, respeitando a sua própria sabedoria interior.
• Usar todos os seus sentidos na escolha do que comer para que seja gratificante para você e nutritivo para o seu corpo.
• Reconhecer respostas aos alimentos (gostos, desgostos ou neutro) sem julgamento.
• Se tornar consciente da fome e saciedade físicas para guiar suas decisões para começar e parar de comer.
(Fonte: The Center for Mindful Eating)

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