Microbiota intestinal é construída por amigos e familiares, diz estudo
Cientistas analisaram microbiota intestinal de pessoas que moram em comunidades isoladas e descobriram que até amigos de amigos influenciam
atualizado
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A microbiota intestinal, um conjunto de bactérias que vive no intestino, é diferente para cada pessoa. Os micro-organismos dependem de vários fatores para se multiplicar, como a dieta, exercício e a rotina. O ecossistema é tão sensível, que os cientistas afirmam que a microbiota intestinal é como uma impressão digital — não existem duas iguais.
Em geral, o conjunto de bactérias é levemente semelhante em pessoas de convívio próximo, que moram na mesma casa, comem as mesmas refeições e dividem toalhas, talheres e copos. Porém, pesquisadores americanos da Universidade de Yale descobriram que a microbiota também pode ser impactada por amigos e amigos de amigos.
Em uma pesquisa publicada em 20 de novembro na revista Nature, eles contam que a convivência, ainda que não seja intensa, altera a composição do ecossistema. Os cientistas viajaram para Honduras, onde visitaram voluntários que moram em 18 vilas isoladas — lá, é mais fácil controlar a quantidade de pessoas que têm contato umas com as outras e há pouco consumo de ultraprocessados ou antibióticos, que mudam a composição da flora intestinal.
O levantamento mostra que casais e pessoas que moram na mesma casa têm cerca de 13,9% da microbiota semelhante, considerando até subtipos de bactérias. Mas os indivíduos que passam tempo com os amigos têm mais ou menos 10% da mesma composição de micro-organismos. E, em uma mesma vila, uma pessoa compartilha 4% do ecossistema com pessoas que não mantêm contato, mas são amigos de seus amigos.
Os resultados mostram que contatos sociais podem dividir a mesma flora intestinal por coincidência, mas são menos propensos a dividir as mesmas sub-espécies a não ser que as passem um para os outros. Os cientistas apontam que algumas condições que estão relacionadas ao microbioma, como hipertensão e diabetes, podem ser “passadas” pelo contato com familiares e amigos.
Mais estudos precisam ser feitos, mas os pesquisadores lembram que não é preciso ter medo de ter contato com outras pessoas. Interações sociais são importantes para a construção de microbiomas saudáveis, além de trazer outros benefícios.
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