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Microbiota intestinal: como as bactérias influenciam na sua saúde

Estudos mostram que a qualidade e a diversidade das bactérias intestinais são importantes para a regulação do corpo

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Ilustração colorida de um intestino dando voltas e cheio de bactérias - Metrópoles
1 de 1 Ilustração colorida de um intestino dando voltas e cheio de bactérias - Metrópoles - Foto: GettyImages

Embora sejam invisíveis a olho nu, e muitas vezes, nem nos lembremos da sua existência, algumas bactérias são essenciais para a manutenção da saúde e o bom funcionamento do organismo.

Uma microbiota ou flora intestinal saudável contribui para a absorção de nutrientes, o controle da proliferação de micro-organismos com potencial para causar doenças e, até mesmo, para a saúde do cérebro, mostram estudos.

O desequilíbrio da microbiota intestinal, por outro lado, pode causar inflamação no corpo e reduzir a capacidade de absorção do intestino. Sem os nutrientes essenciais, aumenta o risco para distúrbios metabólicos, como obesidade, diabetes e colesterol alto.

“Estudos nos dão segurança de dizer que a microbiota tem um papel relevante para o desenvolvimento de uma série de doenças, como a obesidade, diabetes, osteoporose, doenças autoimunes, doenças intestinais inflamatórias, autismo e insuficiência cardíaca”, afirma o endocrinologista Mario Saad, coordenador dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT).

A flora intestinal é influenciada por diversos fatores, como idade, estresse, sono, uso de medicamentos, metabolismo e, principalmente, alimentação. Estudos mostram que os nossos ancestrais tinham uma microbiota muito mais saudável do que temos hoje, com mais tipos de bactérias benéficas vivendo no corpo.

Alimentos ultraprocessados – como refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e macarrão instantâneo – são pobres em fibras e nutrientes e reduzem a capacidade de absorção do intestino.

“A diversidade das bactérias foi caindo com o passar dos anos. Nós vivenciamos um período da sociedade com a menor diversidade bacteriana e, não por acaso, este é o período com mais doenças crônicas”, afirma Saad.

Microbiota intestinal e obesidade

Um estudo da Universidade Pompeu Fabra (Espanha), publicado em 27 de junho, mostra evidências de que a presença de certas bactérias intestinais pode aumentar o risco de uma pessoa comer compulsivamente e se tornar obesa, mostrando uma ligação entre intestino e cérebro.

Em uma série de experimentos com ratos e humanos com propensão à compulsão alimentar, os cientistas descobriram que os participantes apresentaram níveis semelhantes de dois tipos de bactérias em seus microbiomas — uma prejudicial e outra benéfica.

Os autores do estudo também descobriram que se aumentassem a quantidade da Blautia, um tipo de bactéria boa, eles poderiam evitar o desenvolvimento do vício por alimentos.

O estudo não deixa claro como as bactérias protegem contra o desenvolvimento da compulsão alimentar, mas os pesquisadores acreditam que o intestino conversa com o cérebro e isso pode mudar a função de algumas áreas do órgão, como o córtex pré-frontal, envolvido no autocontrole.

Microbiota e cérebro

Uma revisão de estudos científicos feita por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriu que o desequilíbrio na composição da microbiota pode levar uma pessoa a desenvolver doenças psiquiátricas e neurológicas.

Os pesquisadores concluíram que “há uma relação estreita e bidirecional entre a microbiota intestinal e o cérebro” e que o desequilíbrio desses microrganismos tem uma ação importante no desenvolvimento, na função e nos distúrbios do Sistema Nervoso Central (SNC).

Ansiedade

A ansiedade é um transtorno complexo, relacionado a diversos fatores. Um deles pode ser a disbiose (desequilíbrio na composição da microbiota), sugere uma equipe de neurologistas do Instituto Karolinska em um artigo científico publicado em dezembro de 2023.

Os pesquisadores fizeram o transplante de fezes de humanos com ansiedade e sem o transtorno para dois grupos de ratos. O transplante de fezes é um procedimento usado para transferir bactérias de um organismo para o outro, buscando equilibrar a flora intestinal.

Testes feitos após seis semanas mostraram que os camundongos que receberam matéria fecal de humanos com ansiedade passaram a manifestar maior fobia social, um distúrbio que causa ansiedade extrema e medo quando se interage com indivíduos desconhecidos.

Para os pesquisadores, é clara a relação da microbiota intestinal no funcionamento do cérebro e na manifestação de ansiedade nos animais.

Como manter a microbiota intestinal saudável

Fazer boas escolhas alimentares é o primeiro passo para manter uma microbiota intestinal saudável. Segundo Saad, quando consumimos fibras, estamos treinando as bactérias intestinais para produzir mais ácido graxo de cadeia curta, que são compostos benéficos para a saúde.

Já os alimentos fermentados aumentam a diversidade de bactérias e reduzem a inflamação do corpo. “Posso recomendar com segurança para os meus pacientes que tenham uma dieta rica em fibras e em fermentados”, afirma o endocrinologista.

Dicas para manter uma microbiota mais diversa e saudável:

  • Pratique exercícios físicos;
  • Domine o estresse;
  • Mastigue bem os alimentos;
  • Prefira alimentos naturais;
  • Coma mais fibras, como cereais, aveia em flocos e frutas com casca;
  • Consuma alimentos fermentados, como iogurte natural, kefir, kombucha e leite fermentado;
  • Evite alimentos industrializados;
  • Evite gorduras saturadas;
  • Reduza o consumo de açúcar;
  • Controle o uso de antibióticos.

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