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Memória muscular: saiba como atleta amador se recuperou de grave lesão

Aos 30 anos, Marcelo Prata precisou operar as duas pernas após romper os tendões. O prognóstico era de que ele ficaria meses sem treinar

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1 de 1 marcelinho-1 - Foto: Arquivo Pessoal

Quem conhece Marcelo Prata sabe que a vida dele é o esporte. A mãe triatleta levava o filho, ainda pequeno, para as competições dela. Com 11 anos, ele treinava cotidianamente para mais tarde se tornar um atleta universitário de alto rendimento. A paixão virou profissão e hoje, aos 30 anos, o brasiliense vive de dar aulas de tênis, treinamento funcional e corrida. No entanto, há quatro meses e meio, a ruptura total de um dos principais tendões da coxa esquerda e de 80% de outro tendão na coxa direita obrigaram o ex-atleta a se superar.

Quando se machucou, Marcelo vivia sua melhor fase física. Além dos treinos de força, ele tinha voltado a se dedicar à corrida e estava se arriscando na ginástica artística. Foi nesta modalidade, ao dar um mortal esticado em uma cama elástica, que se machucou. “A minha primeira impressão foi a de que eu tinha quebrado o fémur, tamanha era a dor. Meus pés ficaram dormentes e eu não conseguia levantar a perna”, conta.

Os primeiros socorros foram no local mas, pelo extenso conhecimento dele sobre lesões, Marcelo sabia que não podia se mexer para não correr o risco de agravar o quadro. “Não saber como seria o dia seguinte foi assustador”, relata. Na primeira avaliação, o médico do pronto-atendimento disse que o atleta teria que operar no mesmo dia. No entanto, Marcelo pediu para esperar os exames para ver como o corpo reagiria. “O banho de água fria veio quando o especialista em joelhos disse que eu teria que operar as duas pernas. Só conseguia pensar como seria a minha vida a partir dali”, conta.

O prognóstico não era otimista: o médico disse que, na melhor das hipóteses, Marcelo só voltaria a fazer atividades físicas seis meses após a cirurgia. “Eu não conseguia imaginar em ficar tanto tempo parado.”

Segundo o ortopedista Rodrigo Souza Lima, que atende na OrtoSul em Brasília, a ruptura completa de um músculo, como aconteceu no caso de Marcelo, é bem grave. O tratamento cirúrgico é a melhor saída porque o médico consegue reinserir o tendão na parte óssea. O tempo de recuperação varia bastante de pessoa para pessoa mas, dificilmente, é inferior a seis meses.

No entanto, por ser bastante ativo, o corpo de Marcelo tinha uma boa memória celular na região muscular. Isso significa que suas células eram hipertrofiadas, ou seja, grandes. As células musculares aumentam de acordo com os estímulos recebidos durante o treinamento físico. Com a pausa nos treinos, a hipertrofia diminui, mas o potencial atingido fica registrado como uma espécie de “memória”. Ao retornar o treinamento, a resposta às atividades físicas é mais rápida. “É como se o corpo memorizasse o estágio em que a estrutura muscular atingiu e aí conseguisse retornar a ele mais rápido”, explica o ortopedista Rodrigo.

Para o fisioterapeuta Arédio Gertrudes Neto, os atletas costumam ser mais fáceis de tratar exatamente por terem bastante memória muscular.  Sem admitir ficar parado, Marcelo começou sua recuperação na própria cama do hospital onde fez a operação. Trabalhou primeiro os braços para, em seguida, concentrar-se nas pernas. Poucos meses depois da operação, ele já pedala, treina e está voltando a correr. “A lesão mudou a minha vida. Repensei limites. Hoje sou mais humano”, afirma.

 

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Marcelo ficou quatro dias internado
No início da recuperação, usava muleta e não podia dirigir
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Após lesão nos tendões, ele operou as duas pernas

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Marcelo ficou quatro dias internado

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No início da recuperação, usava muleta e não podia dirigir

A fisioterapia, iniciada duas semanas após a cirurgia, também foi fundamental para a recuperação. Além do apoio incondicional da mãe e de vários alunos e amigos. O atleta também recebeu bastante carinho virtual. Hoje a conta dele no Instagram @mpteam_gsa tem mais de 12 mil seguidores, muitos acompanharam todas as etapas da recuperação desde a lesão até os dias atuais. “Queria fazer com que essa lesão servisse de aprendizado para mim e para outras pessoas, porque temos que entender que um corpo lesionado não é um corpo parado. Um corpo parado é um corpo morto”, finaliza.

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