Médicos propõem vacina da gripe 2 vezes por ano para grupos de risco
Estratégia da SBIm prevê driblar a queda dos níveis de anticorpos observada nos seis primeiros meses após a vacinação em idosos e crianças
atualizado
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Todos os anos, aproximadamente um bilhão de casos de influenza são notificados em todo o mundo, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os pacientes, três a cinco milhões de indivíduos evoluem para quadros graves e até 650 mil acabam morrendo. Os adultos com mais de 60 anos, as pessoas com doenças crônicas e as crianças fazem parte do grupo de risco e são os mais afetados.
Para contornar a situação, um grupo de especialistas da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) sugere que o governo adote novas abordagens na campanha anual de vacinação contra a influenza.
Entre as sugestões dos infectologistas estão a aplicação de uma segunda dose anual do imunizante nos grupos mais vulneráveis, a antecipação das campanhas de imunização para prevenir os surtos desencadeados por cepas que circulam primeiro no hemisfério Norte, e a disponibilidade de uma vacina mais eficiente, em dose maior, para a população brasileira.
Os especialistas explicam que uma análise de estudos anteriores sobre o assunto feita em 2018 estimou que a efetividade da vacina contra influenza diminui até 33% no intervalo de três a seis meses após a imunização para cepas de H3N2. Junto a isso, é conhecido que os idosos e pessoas com o sistema imunológico deprimido têm uma perda natural da resposta às vacinas. Por isso, o reforço duas vezes por ano seria uma boa alternativa.
A sugestão de atualização do calendário vacinal foi apresentada durante a 24ª Jornada Nacional de Imunizações SBIm 2022, que acontece entre 7/9 e 11/9 em São Paulo.
O professor da Escola Santa Casa de Vitória, Lauro Ferreira da Silva, vice-presidente da SBIm-ES, expôs no congresso um trabalho feito por pesquisadores de Singapura com 200 idosos com idade acima de 65 anos. Após a aplicação da segunda dose da mesma vacina no intervalo de seis meses, os cientistas observaram um aumento de anticorpos protetores contra a influenza.
“Esse aumento não é tão significativo quanto na primeira dose, mas ele persiste e é considerável para H1N2. Existe ainda uma diminuição de infecções respiratórias, de procura médica e de hospitalização”, comentou Ferreira.
Em uma nota técnica publicada este ano pela SBIm, a diretora da entidade, Melissa Palmieri, e a infectologista pediátrica Solange Dourado de Andrade, membro da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da SBIm, sugerem que uma segunda dose da vacina para influenza pode ser considerada a partir de três meses da primeira dose, principalmente nos grupos de risco e em viajantes que transitam por locais onde o vírus circula.
As especialistas destacaram que o impacto clínico de duas doses anuais da vacina ainda não foi estabelecido em estudos científicos, e reconhecem que esta ainda não é uma opção que possa ser considerada para o cenário brasileiro. “Para o sistema público, a gente sabe que ainda é inviável por questões logísticas, de custo e pela disponibilidade de vacinas”, explica Solange.
*A repórter Bethânia Nunes está em São Paulo, a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), para acompanhar a XXIV Jornada Nacional de Imunizações SBIm 2022.
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