Margareth Dalcomo: “Intercâmbio de vacinas é possibilidade promissora”
Embora os primeiros resultados tenham sido animadores, cientistas alertam que falta mais investigação sobre os efeitos colaterais da mistura
atualizado
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Uma nova palavra promete entrar no dicionário da pandemia: intercambialidade, que significa combinar vacinas desenvolvidas com diferentes tecnologias para aumentar a proteção contra a Covid-19 e driblar a falta de imunizantes.
“O intercâmbio de vacinas é uma possibilidade promissora por múltiplos aspectos. Ele supre a demanda e aumenta a proteção. Mas ainda é preciso saber qual a combinação ideal, em que período entre uma dose outra e em que circunstâncias”, explica a pesquisadora Margareth Dalcomo, da Fiocruz, em entrevista ao jornal O Globo.
Até agora, a combinação com resultados mais robustos é a primeira dose da AstraZeneca/Oxford com uma segunda de Pfizer/BioNTech. Essa mistura, de acordo com os cientistas, tende a potencializar o estímulo de produção de anticorpos neutralizantes e a ação de células de defesa T.
A conclusão foi anunciada por equipes britânicas e alemãs, que reforçaram os resultados anunciados em maio pelos testes CombiVacS, liderados pelo Instituto de Saúde Carlos III, em Madri, na Espanha.
Em outra frente, há um estudo desenvolvido nas Filipinas que investiga a combinação da CoronaVac com outras seis vacinas aprovadas no país. A pesquisa que misturaria a vacina da AstraZeneca com a Sputnik V, anunciada há meses, ainda não foi começou.
Os cientistas alertam, porém, que até o momento todos os estudos são pequenos, sendo necessário reunir mais informações sobre efeitos adversos num prazo maior e com mais pessoas testadas. Além disso, eles chamam atenção dos “sommeliers de vacina”: misturar vacinas sem orientação é, no mínimo, bastante arriscado.
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