Mandetta reforça que não vai indicar cloroquina para todos
Ministro diz que governo vai esperar mais evidências científicas para recomendar oficialmente o remédio, mas que médicos podem prescrevê-lo
atualizado
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Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (07/04), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, explicou que o Brasil está fazendo nove ensaios clínicos, com cerca de cinco mil pacientes em protocolo de pesquisa e 100 centros participantes para criar uma guia de tratamento contra o coronavírus.
Os principais medicamentos testados são cloroquina, hidroxicloroquina com azitromicina, remdezevir, lopinavir com ritonavir, interfeton, beta B1, hidroxicloroquina, dexametasona, tocilizumabe e plasma convalescente. A data prevista para os resultados preliminares é o próximo dia 20 de abril.
Segundo o ministro, em relação à cloroquina, medicamento muito alardeado por sua possível eficácia quanto ao vírus – as evidências são frágeis por enquanto – está sendo testada e foi liberada para pacientes internados em estado grave ou moderado.
“Estamos analisando agora o uso em pacientes leves ou antes disso, um uso quase profilático, mas ainda temos dúvidas. Pacientes do grupo de risco, que queremos proteger, normalmente já possuem outros problemas de saúde”, explica Mandetta. Um dos principais efeitos colaterais da cloroquina é a arritmia cardíaca: segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Denizar Vianna, o medicamento age no circuito elétrico que faz o coração bombear, e pessoas que já possuem outras cardiopatias podem ter problemas com o remédio.
“Tem que ser algo muito bem acompanhado ao longo do tratamento. Temos muita preocupação com essa questão. Não vamos recomendar para casos leves ainda”, diz.
Apesar da falta de evidências científicas e da preocupação com efeitos adversos, o ministro Mandetta diz que o médico responsável pelo caso tem liberdade para prescrever o medicamento: o ministro diz que não haverá retenção de receitas nas farmácias, mas o médico deve se responsabilizar pelo uso e informar a família sobre a ausência de eficácia comprovada.
“Para que possamos recomendar como Ministério da Saúde, precisamos de um pouco mais de tempo para entender melhor se há efeitos colaterais. Analisar com um pouco mais de luz. A pasta questiona a academia, eles nos dão esse apoio”, afirma Mandetta. Ele diz ainda que o ministério está de olho em outros países que estão passando pela pandemia, esperando que alguém publique um protocolo oficial de tratamento.