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Mamadeira de cocô estimula microbioma de bebês nascidos por cesárea

Pesquisa indica que ingerir um pouco do cocô da mãe melhora microbiota de bebês nascidos de cesáreas. Método não deve ser repetido em casa

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A receita não parece saborosa, mas alguns pesquisadores estão sugerindo que recém-nascidos sejam alimentados com uma “mamadeira de cocô” logo após o nascimento.

Um estudo apresentado em 18/10 na IDWeek, encontro nacional de epidemiologistas dos Estados Unidos, apontou que alimentar um bebê nascido de cesárea com leite contendo um pouco das fezes da mãe acelera o desenvolvimento do microbioma digestivo da criança e até ajuda na prevenção de doenças na primeira infância.

Esta modalidade de transplante de fezes foi testada por pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia. A investigação se juntou às evidências de que as fezes da mãe podem produzir efeitos positivos na microbiota de crianças que não nasceram de parto normal.

Por que bebês de parto cesáreo?

Nos últimos anos, pesquisas vem mostrando que crianças nascidas em partos normais possuem vantagens imunológicas quando comparadas a bebês nascidos em partos cesáreos. Os estudiosos acreditam que o contato com a mucosa vaginal da mãe ativa a resposta imunológica das crianças mais cedo.

Para a maioria dos bebês, o tempo de reação imunológica nem é tão importante assim. No entanto, para aqueles que têm risco elevado de desenvolverem comorbidades, esse intervalo pode fazer diferença.

Os pesquisadores passaram, então, a buscar maneiras de induzir uma resposta mais rápida nas crianças que nasceram de cesáreas. Uma das ideias foi passar a secreção vaginal da mãe na boca de bebês recém-nascidos, porém, testado em 2016, o método não funcionou tão bem. A ideia seguinte foi a mamadeira de cocô.

Os pesquisadores diluíram 3,5 mg de cocô materno na mamadeira de 15 bebês que haviam acabado de nascer. Outros 15 bebês receberam um placebo. Os dois grupos foram acompanhados por seis meses, com exames de fezes periódicos, e se descobriu que os bebês que haviam recebido a mamadeira de cocô tinham uma flora intestinal muito mais complexa do que a dos que receberam placebo.

O estudo, porém, não deve parar por aqui. Os bebês que participam do teste iniciaram agora a alimentação sólida e serão acompanhados pelos próximos dois anos para entender quais os impactos a longo prazo da mamadeira de cocô.

Não faça em casa!

Os pesquisadores esclareceram, porém, que a técnica deve ser feita de forma controlada e que não há possibilidade de usos caseiros.

“É preciso se certificar de que a matéria fecal dada não inclui patógenos que possam causar uma doença. Mais de 60% das mães inicialmente selecionadas foram excluídas do estudo justamente por este risco”, detalhou Otto Helve, chefe da pesquisa e diretor do departamento de saúde pública do Instituto Finlandês de Saúde.

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