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Malhar o cérebro ajuda a combater Alzheimer e demências, diz médico

Especialista alerta para a importância do diagnostico precoce de doenças demenciais e explica como as pessoas podem fazer prevenção

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ilustração colorida: idoso com peças de quebra-cabeça na testa - Metrópoles
1 de 1 ilustração colorida: idoso com peças de quebra-cabeça na testa - Metrópoles - Foto: Andrew Bret Wallis/Getty Images

A demência, ou Transtorno Neurocognitivo Maior (TNM), corresponde a uma alteração progressiva do cérebro que resulta em mudanças na personalidade, comportamento, linguagem e memória. Essas alterações podem interferir de forma direta na qualidade de vida, e a mais conhecida das condições desencadeadas pela idade é o Alzheimer. Para evitar o surgimento ou a progressão dessas condições, malhar o cérebro é uma das principais recomendações dos especialistas.

O neurologista Thiago Taya alerta para a importância de estarmos sempre trabalhando as funções cerebrais. “Se a pessoa malhar muito o seu cérebro durante a sua vida, ela cria muitas conexões cerebrais e neuronais, o que ajuda a adiar uma possível doença demencial”, destaca.

Apostar em um sono de qualidade, ouvir música, desenvolver habilidades manuais, focar em uma alimentação saudável, fazer exercícios físicos, estudar e controlar o estresse são algumas ações que ajudam a manter o cérebro saudável e ativo.

“É importante ressaltar que o declínio cognitivo acontece de maneira crônica em meses ou até anos, não é do dia para noite, em poucos dias ou até poucas semanas. Quando é rápido, você tem que suspeitar de outros quadros. A gente chama isso de demência rapidamente progressiva”, explica o médico do Hospital Brasília.

O especialista conta que quando isso acontece, é importante pensar em outras origens, como por exemplo o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que também pode gerar o declínio rápido da função cognitiva do paciente. As demências têm progressões lentas, de meses a anos. O paciente começa a perder funções básicas, como a capacidade de tomar banho sozinho, e pode evoluir para quadros depressivos.

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Lapsos de memória: se a pessoa começa a perceber que a memória está falhando no dia a dia com coisas muito simples é provável que esteja passando por um episódio de esgotamento mental

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Alteração no apetite: na alimentação, a pessoa que come muito mais do que deve usa a comida como válvula de escape para aliviar a ansiedade. Já outras, perdem completamente o apetite

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Autoestima baixa: outro sinal de alerta é a sensação de incapacidade, impotência e fragilidade. Nesse caso, é comum a pessoa se sentir menos importante e achar que ninguém se importa com ela

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Desleixo com a higiene: uma das características da depressão é a perda da vontade de cuidar de si mesmo. A pessoa costuma estar com a higiene corporal comprometida e perde a vaidade

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Sentimento contínuo de tristeza: ao contrário da tristeza, a depressão é um fenômeno interno, que não precisa de um acontecimento. A pessoa fica apática e não sente vontade de fazer nada

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Para receber diagnóstico e iniciar o tratamento adequado, é muito importante consultar um psiquiatra ou psicólogo. Assim que você perceber que não se sente tão bem como antes, procure um profissional para ajudá-lo a encontrar as causas para o seu desconforto

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Dependendo do estágio da doença, o paciente pode não identificar os próprios sintomas, não percebendo que a memória está ruim, ou não entendendo a gravidade da situação.

Beta-amilóide

Todas as demências têm em comum o dano neuronal (lesão que progride de maneira lenta) que aumenta e acomete mais regiões do cérebro com o tempo. O Alzheimer ocorre por deposição de uma proteína chamada beta-amilóide no tecido cerebral.

Essa proteína se deposita no cérebro, fazendo com que o neurônio ou se perca ou deixe de funcionar. Sendo assim, quanto mais proteína depositada, mais neurônio se perde, menos função cerebral se tem e as funções cognitivas vão decaindo.

Na maioria das doenças demenciais, o paciente precisa ter predisposição genética, e os sintomas começam a aparecer geralmente depois dos 60 anos, com algumas exceções. Em contrapartida, o Alzheimer acontece de forma esporádica, ou seja, não necessariamente alguém da família precisa ter a doença.

“No Alzheimer, quando há um componente hereditário, geralmente é relacionado aos genes da presenilina 1, presenilina 2 e apolipoproteína E, mas é menos de 10% dos casos. Quando está relacionado à família, geralmente várias pessoas têm um histórico e os sintomas podem até aparecer de maneira precoce, às vezes abaixo dos 40 anos de idade. Mas, em sua maioria, a doença de Alzheimer acontece de maneira esporádica”, informa o especialista.

Diagnóstico

O diagnóstico das demências é feito de forma clínica por meio de avaliação de um médico neurologista. O profissional faz a análise dos sintomas observando o tempo e a maneira como evoluíram os sinais da doença, além de testes cognitivos para testar a função mental do paciente com auxílio de um neuropsicólogo.

Também fazem parte do processo os exames complementares. “São muito importantes, principalmente quando se levantou uma suspeita de uma demência. Eles ajudam a excluir outros diagnósticos diferenciais”, alerta.

Prevenção 

O neurologista explica que se o paciente tem a receita genética ideal para desenvolver a doença de Alzheimer, é provável que em algum momento da vida ela vai aparecer. “É muito difícil a gente combater a genética”, diz.

Cultivando bons hábitos de vida, estimulando o cérebro por meio de estudos e praticando exercícios físicos, por exemplo, a doença pode progredir mais lentamente.

Tratamento

O tratamento do Alzheimer é multidisciplinar e multiprofissional, feito com auxílio de neurologista, neuropsicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta. O tratamento não é curativo e tem como intuito preservar o máximo possível da função cognitiva e motora do paciente, para que a progressão de sintomas seja lenta. “Quanto mais cedo começar o tratamento, mais funções a gente consegue preservar”, explica.

É importante ressaltar que as doenças não progridem da mesma forma em todos os pacientes. Fatores ambientais, habituais e genéticos contribuem para o diagnóstico individual. O neurologista diz que é importante falar sobre o assunto para que as pessoas fiquem atentas aos sinais e comecem o acompanhamento com profissionais de saúde o quanto antes.

“O tratamento precoce pode fazer com que haja uma maior preservação da função neurológica e lentificação da progressão da doença”, informa o especialista. Ele lembra ainda que é possível ter demência enquanto jovem,  mas as chances são pequenas.

(*) Danielle Souza é estagiária do Programa Mentor e está sob supervisão da editora Maria Eugênia

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