Mais de 60% dos jovens já faltaram aula por menstruação, afirma Unicef
Enquete da entidade internacional foi feita pela internet, e revela os desafios que adolescentes e jovens enfrentam mensalmente
atualizado
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De acordo com um relatório publicado pela Unicef nessa quinta-feira (14/7), 62% dos adolescentes e jovens brasileiros que menstruam (incluindo homens trans) já deixou de ir à escola ou a algum outro lugar por causa do período, e 73% dizem já ter se sentido constrangidos em algum lugar público. A enquete, feita com 1.730 pessoas entre 13 e 24 anos, por meio de uma plataforma online, mostra que, apesar de ser um processo natural, a menstruação ainda é um tabu que causa constrangimento.
Para dois em cada 10 participantes, a experiência de menstruar é “muito difícil”. Para 45%, a experiência é mais ou menos difícil, e apenas 34% afirmam levar a situação “de boa”. Cerca de 35% dizem já ter tido alguma dificuldade por não ter acesso a absorventes, coletores menstruais, água ou outra maneira para manter a higiene pessoal durante o período.
“A experiência de menstruar tem sido algo muito difícil para muitas pessoas que menstruam, seja pela falta de insumos, como absorventes, seja pelas condições estruturais, como água e banheiro. Na enquete, ouvimos pessoas que, na falta de recursos mínimos, relataram uso de fralda, pano e até sabugo de milho no período menstrual. Isso tem um impacto profundo no direito de ir e vir, na construção da autoestima e confiança corporal, e na dignidade de pessoas que menstruam”, explica Astrid Bant, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que também assina o levantamento.
A pesquisa aponta ainda que a maioria dos participantes (71%) nunca teve aulas, palestras ou rodas de conversa sobre menstruação na escola e, em 55% dos casos, as mães são as principais responsáveis por explicar informações sobre o tema.
“A dignidade menstrual é um direito de cada adolescente e jovem que menstrua. É essencial retirar o tabu em relação ao tema. As escolas têm um papel fundamental nesse processo. Cabe a ela acolher todas as pessoas que menstruam, e contribuir para transformar o ambiente escolar em um espaço acolhedor, sem bullying, e que respeite a todas e todos”, diz Florence Bauer, representante da Unicef no Brasil.