Macaco tem visão recuperada após transplante com células humanas
Estudo pioneiro realizado no Japão pode representar o avanço no tratamento de pessoas que sofrem com buraco macular
atualizado
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Cientistas japoneses conseguiram recuperar a visão de um macaco com um transplante de células-tronco humanas.
O procedimento pode representar o avanço no tratamento de pessoas que sofrem com buraco macular, uma condição rara que afeta a retina, provocando visão turva e pontos cegos.
O avanço feito pelos pesquisadores do Kobe Eye Hospital, no Japão, foi publicado na revista científica Stem Cell Reports, na última quinta-feira (3/10).
O buraco macular é uma abertura que se forma na região central da retina do olho. À medida que ele progride, o paciente enxerga de maneira embaçadas ou distorcidas. A condição é mais frequente depois dos 60 anos, mas também pode ocorrer em pessoas jovens.
O macaco-japonês (Macaca fuscata) que participou do estudo tinha um buraco na retina que comprometia a capacidade de realizar atividades que dependem da visão.
Para fazer o experimento, os cientistas criaram uma folha de células retinais a partir de células-tronco humanas. Depois, o material foi transplantado para o olho do macaco. A expectativa era que o dispositivo funcionasse como um remendo para fechar o buraco.
Após o procedimento, o macaco voltou a ter respostas visuais, sugerindo o sucesso do transplante. Em quatro semanas, o animal apresentou sinais de rejeição ao tratamento, mas eles foram contornados com a aplicação de injeções de esteroides, que suprimiram a resposta imunológica do animal contra as as células transplantadas.
A principal autora do estudo, Michiko Mandai, acredita que as complicações provavelmente aconteceram por se tratar de um transplante entre espécies diferentes. “A transplantação de tecido humano em um humano teria menor risco de resposta imune”, considera Mandai.
Seis meses depois da cirurgia, o olho do macaco foi removido para um estudo mais detalhado. Nele, os pesquisadores encontraram novas células visuais no local do transplante, incluindo cones e bastonetes. Essas células são essenciais para enxergarmos cores e pela visão noturna.
Mais estudos precisam ser feitos para testar a eficácia e segurança no procedimento em animais e, eventualmente, em pacientes que sofrem com buraco macular.
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