Longas jornadas de trabalho aumentam risco de morte, diz OMS
Segundo estudo da agência internacional, trabalhar mais de 55 horas por semana aumenta risco de morte por doenças cardíacas e derrames
atualizado
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Trabalhar 55 horas por semana ou mais aumenta o risco de morte por doenças cardíacas e derrames. Essa é uma das conclusões de um estudo conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado nesta segunda-feira (17/5), na revista Environment International.
As pessoas com jornadas de trabalho superiores a 55 horas por semana têm 35% mais chances de sofrer um acidente vascular cerebral(AVC) e 17% mais chance de de morrer de doença cardíaca isquêmica, em comparação com aqueles que trabalham entre 35 a 40 horas por semana.
“Trabalhar 55 horas ou mais por semana é um sério risco para a saúde”, afirmou Maria Neira, diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS. “É hora de todos nós, governos, empregadores e funcionários acordarmos para o fato de que longas horas de trabalho podem levar à morte prematura”.
Essa carga de doenças relacionadas ao trabalho é particularmente significativa em homens que, dentro do estudo, representaram 72% das mortes. O risco também é maior para aqueles que vivem nas regiões do Pacífico Ocidental e do Sudeste Asiático e os trabalhadores de meia-idade ou mais velhos.
Esta primeira análise global sobre os danos à saúde associados à carga excessiva de trabalho coincide com o momento no qual a pandemia de Covid-19 intensifica mudanças econômicas em todo o planeta. No entanto, o estudo, que sintetiza dados de dezenas de pesquisas com centenas de milhares de participantes, não se refere à pandemia, mas aos anos anteriores.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou, nesta segunda-feira (17/5), que a pandemia Covid-19 mudou significativamente a forma como as pessoas trabalham. “O home office se tornou a norma em muitos setores, muitas vezes confundindo os limites entre a casa e o trabalho.”, afirmou. Segundo ele, além disso, muitas empresas foram forçadas a reduzir ou encerrar operações e as pessoas que foram mantidas na folha de pagamento estão acumulando tarefas”, completou.
De acordo com a pesquisa, longas horas de trabalho levaram a 745.000 mortes por acidente vascular cerebral e doença isquêmica do coração em 2016, um aumento de 29% desde 2000. Já em 2016, 398.000 pessoas morreram de acidente vascular cerebral e 347.000 de doenças cardíacas dentro do grupo que trabalhava mais de 55 horas por semana. Entre 2000 e 2016, o número de mortes por doenças cardíacas devido a longas horas de trabalho aumentou 42% e por acidente vascular cerebral em 19%.
“Nenhum trabalho compensa o risco de acidente vascular cerebral ou doença cardíaca. Governos, empregadores e trabalhadores precisam trabalhar juntos para chegar a um acordo sobre limites para proteger a saúde dos trabalhadores.”, afirmou Tedros.