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Lenacapavir: conheça remédio com bons resultados na prevenção do HIV

Injeção semestral é o primeiro remédio com 100% de eficácia na prevenção do HIV em mulheres e age em uma parte específica do vírus

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Foto mostra homem colocando um botom com o símbolo do combate À aids e ao HIV
1 de 1 Foto mostra homem colocando um botom com o símbolo do combate À aids e ao HIV - Foto: China Photos/Getty Images

Os resultados preliminares da pesquisa que testou um novo medicamento para a prevenção do HIV animaram a comunidade científica na última semana. O estudo publicado na quinta-feira (20/6) indicou que o antiviral lenacapavir foi capaz de proteger 100% das mulheres que usaram o remédio da infecção pelo vírus da aids.

O lenacapavir é um remédio injetável que deve ser aplicado a cada seis meses. Ele foi criado para o tratamento do HIV e já é usado fora do Brasil em pessoas com o vírus para mantê-lo controlado e em estado latente.

Como funciona o lenacapavir?

O remédio é o primeiro criado para combate ao HIV que age como um inibidor da função do capsídeo. O capsídeo de um vírus é a capa de proteína que o envolve e é formado por várias pequenas unidades, os capsômeros, que se juntam formando uma espécie de armadura.

A inibição impede a replicação eficiente do vírus afetando seu ciclo de vida e diminuindo o impacto no organismo. No caso do lenacapavir, o remédio confunde o DNA do vírus, alterando a forma como ele se replica. É como se o manual de instruções para a fabricação do capsídeo fosse embaralhado, gerando armaduras malformadas e menos eficientes.

Vendido sob o nome de Sunlenca, o medicamento possui versões orais e injetáveis, mas para a prevenção da aids apenas a versão injetável está sendo testada. A apresentação oral é indicada para pessoas que convivem com HIV multirresistente.

Quais foram os resultados do teste?

O estudo Purpose 1 testou o remédio injetável em 5,3 mil mulheres cisgênero na África com idades entre 16 e 25 anos que não tinham o HIV. O estudo comparou três tipos de prevenção: o lenacapavir, o Descovy (entricitabina e tenofovir alafenamida) e a Truvada, PrEP padrão que é distribuída pelo SUS no Brasil (tenofovir desoproxila fumarato e entricitabina).

Após doze meses, os resultados mostram que nenhuma das 2.134 voluntárias que receberam o lenacapavir contraiu HIV. Por outro lado, 16 das 1.068 mulheres (1,5%) que tomaram um comprimido diário de Truvada acabaram contraindo a infecção e 39 das 2.136 participantes (1,8%) que receberam o Descovy ficaram doentes. No ensaio, o lenacapavir foi bem tolerado e não foram identificadas contraindicações.

“Claro que drogas injetáveis e orais são difíceis de comparar, já que há uma falta de adesão aos que precisam de ingestão diária. É preciso entender como as pessoas tomaram esses remédios. Mas esse estudo traz um resultado excelente para nós. Pela primeira vez, temos uma estratégia testada em um grande número de pessoas que levou a zero infecções”, explica o infectologista Sidnei Pimentel, que é especialista do Centro de Referência e Treinamento IST/aids (CRT) de São Paulo.

O CRT, inclusive, tem papel fundamental na pesquisa do lenacapavir. A instituição está realizando um dos braços da pesquisa com o remédio no estudo Purpose 2, que envolve homens que fazem sexo com homens ou pessoas trans e não-binárias que fazem sexo com homens. A pesquisa é importante pois esta é a maior parte da população que faz uso da PrEP no Brasil.

“Depois dos resultados tão animadores do Purpose 1, aumenta a nossa expectativa e ansiedade em relação ao Purpose 2, que já está em fase bem avançada. Os resultados devem sair no final deste ano ou no começo do ano que vem”, completa o pesquisador.

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A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids
Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico
O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas
O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais
Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
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HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida

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A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids

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Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico

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O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas

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O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais

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Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

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A empresa de biotecnologia Moderna, junto com a organização de investigação científica Iavi, anunciou no início de 2022 a aplicação das primeiras doses de uma vacina experimental contra o HIV em humanos

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O ensaio de fase 1 busca analisar se as doses do imunizante, que utilizam RNA mensageiro, podem induzir resposta imunológica das células e orientar o desenvolvimento rápido de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAb) contra o vírus

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Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenir o HIV em grupos de risco, inclusive para pessoas que mantém relações sexuais com indivíduos com o vírus

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O Apretude funciona com duas injeções iniciais, administradas com um mês de intervalo. Depois, o tratamento continua com aplicações a cada dois meses

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O PrEP HIV é um tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) feito especificamente para prevenir a infecção pelo vírus da Aids com o uso de medicamentos antirretrovirais

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Esses medicamentos atuam diretamente no vírus, impedindo a sua replicação e entrada nas células, por isso é um método eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV

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É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo

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O remédio está disponível no Brasil?

O lenacapavir foi criado em 2021 e, embora seja disponibilizado nos Estados Unidos, Europa e Canadá desde 2022, ainda não foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil. O medicamento não tem registro porque a farmacêutica Gilead, produtora do remédio, não protocolou o pedido no país.

Após a divulgação dos resultados do Purpose 2, as agências regulatórias do mundo devem avaliar a liberação da nova forma de PrEP. Caso os resultados observados no Purpose 1 sejam mantidos, o processo pode ser acelerado.

O lenacapavir é um dos tratamentos injetáveis mais novos para tratamento do HIV. O cabotegravir, aprovado pela Anvisa, é o princípio ativo do Vocabria e do Apretude, indicados, respectivamente, para tratamento e prevenção do HIV. O Apretude deve ser aplicado a cada dois meses e pode ser solicitado por médicos, mas ainda não foi incorporado ao SUS.

Além da pesquisa com o lenacapavir, a investigação recém-publicada foi também a primeira a estudar a eficácia do Descovy na prevenção da infecção em mulheres cisgênero.

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