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Jovem dá a volta por cima após cirurgia para corrigir necrose no fêmur

Lucas Antônio Primo da Rocha tinha 26 anos quando foi diagnosticado com uma condição que o colocou na cama por um ano e meio

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Lucas Antônio Primo da Rocha/ Imagem cedida ao Metrópoles
Duas fotos coloridas de homem em hospital - Metrópoles
1 de 1 Duas fotos coloridas de homem em hospital - Metrópoles - Foto: Lucas Antônio Primo da Rocha/ Imagem cedida ao Metrópoles

O pernambucano Lucas Antônio Primo da Rocha estava em plena forma física, aos 26 anos, quando descobriu ter osteonecrose da cabeça femoral, uma condição que causa a necrose do osso e afeta significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Lucas era militar da Marinha e acabou sendo aposentado por conta das fortes dores que passou a sentir do dia para a noite.

“Fui atleta do remo durante sete anos e corria até que, em agosto de 2021, dormi e acordei mancando”, contou ao Metrópoles. Em poucos meses, o jovem passou a precisar de uma cadeira de rodas para se locomover devido às dores no quadril.

Os problemas de saúde de Lucas tinham começado pouco antes. Sempre que corria o rapaz sentia dormência dos joelhos aos pés. Quando começou a mancar, decidiu procurar atendimento médico e ouviu que, provavelmente, tinha bursite e era impossível alguém ter problemas ósseos aos 26 anos.

A recomendação foram 10 sessões de fisioterapia e o uso de anti-inflamatórios, mas as dores não cessaram. O quadro se agravou em janeiro de 2022, depois de ser diagnosticado com Covid-19 e tomar remédios à base de corticoide para tratar a infecção viral.

“Quando tomei o corticoide, a dor aumentou tanto que eu não conseguia levantar para urinar”, lembra Lucas.

Um exame de raio-x revelou que Lucas tinha osteonecrose bilateral, atingindo a cabeça do fêmur das duas pernas. “Passei um ano e meio de cama porque doía para sentar, o quadril estalava, não conseguia andar ou abrir as pernas”, conta Lucas.

Necrose da cabeça do fêmur

A osteonecrose da cabeça femoral é um processo de necrose óssea provocado pela interrupção do fluxo sanguíneo na cabeça do fêmur. A condição é mais comum em homens adultos jovens, com idades entre 30 e 50 anos.

“É uma espécie de infarto. A ausência de circulação gera a morte da cabeça do fêmur, que leva a uma artrose precoce em pacientes jovens”, explica o ortopedista Isaías Chaves, especialista em quadril e joelho.

Na maioria dos casos, o paciente sente dores no joelho, irradiadas do quadril, ou na lombar. Por isso, é comum o diagnóstico ser confundido com lombalgia ou tendinite. “Se o paciente tem dor no quadril, no joelho, na coxa ou na coluna e não melhora, ele tem que fazer uma ressonância e investigar osteonecrose”, aconselha o médico.

Uma das principais causas da doença é o uso de altas doses de corticosteróides, medicações para reduzir inflamações. O medicamento pode obstruir a circulação sanguínea e levar à necrose do fêmur. “O corticoide leva ao aumento da gordura, que aperta o vaso sanguíneo”, esclarece Chaves. Foi o que ocorreu com Lucas após o diagnóstico de Covid-19.

O consumo abusivo de álcool também é um fator de risco para a doença. Para outra parte dos pacientes, a causa da necrose é desconhecida, sendo chamada de “necrose aséptica idiopática”.

As limitações de mobilidade provocadas pela doença levaram Lucas a ganhar bastante peso e a apresentar um quadro de depressão. “Eu não podia fazer nada. Fiquei de cama porque sentia muita dor e comecei a comer muito. Acabei ficando obeso e passei a tomar ansiolíticos. Não conseguia colocar o meu filho no colo e nem brincar com ele no chão — aquilo me doía muito”, detalha.

“A artrose faz o paciente perder a mobilidade e a funcionalidade, muitos ficam depressivos”, afirma o médico Isaías Chaves.

Tratamento

Na fase inicial, o paciente pode passar por técnicas minimamente invasivas, como descompressão da cabeça do fêmur e uso de medicações. Mas quando o caso evolui para uma artrose, é necessário colocar a prótese de quadril.

Lucas passou por duas cirurgias para colocação de próteses nos quadris. A primeira em junho de 2022 e a segunda em janeiro de 2023, quando ele voltou a conseguir andar ereto e caminhar. Foi a partir daí que sentiu sua vida voltar aos trilhos.

“Falei ‘já basta! Agora vou emagrecer, parar com ansiolítico e dar a volta por cima’. No primeiro mês, o meu peso caiu de 124 kg para 108 kg com dieta”, conta o jovem pernambucano. Nos meses seguintes, Lucas voltou a se exercitar com algumas adaptações e passou por uma transformação completa do corpo.

“Hoje treino, tenho um preparo físico muito bom, com autoestima, vou para a praia. Voltei a ter uma qualidade de vida que achava que não teria mais”, celebra.

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