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Paulistano de 27 anos sofre AVC após ter crise alérgica a castanha

Bruno Rodrigues ficou internado em UTI após sofrer um AVC provocado por crise alérgica. Quando acordou, ele não conseguia falar nem se mexer

atualizado

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Beatriz Rodrigues/Arquivo pessoal
Homem em tratamento ao AVC com sonda no nariz - Metrópoles
1 de 1 Homem em tratamento ao AVC com sonda no nariz - Metrópoles - Foto: Beatriz Rodrigues/Arquivo pessoal

Uma crise alérgica a castanha virou a vida do paulistano Bruno Rodrigues, 28 anos, de cabeça para baixo. O analista de atendimento estava voltando da academia com a esposa, Beatriz Rodrigues, em março deste ano, quando comeu a semente e ficou sem ar.

Bruno não sabia que tinha alergia a castanha e acabou passando 27 dias internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Quando acordou, não falava e não tinha nenhum movimento no corpo e nem nos olhos. Com o passar dos dias, ele retomou gradativamente a consciência e voltou a falar de forma lenta e com dificuldade 20 dias depois do acidente.

Exames mostraram que Bruno sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). “Ele não tinha nenhuma força. Não sustentava o tronco nem o pescoço, e só depois de um mês que começou a se levantar. Em um mês e 23 dias, ele estava ótimo, andando. Tivemos alta da clínica mas, ao chegar em casa, Bruno começou a ter muitos espasmos. A perna e o braço direito endureceram e ele parou de andar em quatro dias”, lembra Beatriz, em entrevista ao Metrópoles. Bruno ainda tem dificuldade para se comunicar.

AVC provocado por alergia

O neurocirurgião Victor Hugo Espíndola, que atende em Brasília, explica que casos de AVC após crises alérgicas são extremamente raros, mas podem acontecer quando a crise é muito grave e o paciente sofre uma parada cardio-respiratória.

“Pode faltar sangue no cérebro e isso vai levar a uma hipóxia cerebral, um consequente AVC, e o paciente pode ir a óbito por uma parada cardio-respiratória”, afirma o médico.

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O paulistano precisou de ajuda para se alimentar
Beatriz comemorou o aniversário no hospital, ao lado de Bruno e da filha Madalena
Bruno reencontrou a filha um mês após ser internado
Bruno segue internado. A família espera que ele tenha alta em breve
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Bruno ficou com o movimento do braço limitado

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O paulistano precisou de ajuda para se alimentar

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Beatriz comemorou o aniversário no hospital, ao lado de Bruno e da filha Madalena

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Bruno reencontrou a filha um mês após ser internado

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Bruno segue internado. A família espera que ele tenha alta em breve

Beatriz Rodrigues/Arquivo pessoal

Prevenção

A principal forma de prevenção é evitar o consumo de determinados alimentos quando se sabe que é alérgico. Mas se eles foram consumidos inadvertidamente ou se a pessoa não souber que é alérgica, ela deve procurar ajuda médica imediatamente após perceber os primeiros sintomas. Eles podem incluir coceira na boca ou garganta, inchaço dos lábios ou língua, erupções cutâneas, diarreia, náusea, vômito, tontura, dor abdominal e dificuldade para respirar.

“O paciente tem que procurar ajuda médica o mais rápido possível porque a gente consegue reverter os quadros de alergia com medicação. Em casos mais graves, temos que fazer suporte avançado o mais rápido possível. Nesses casos, é preciso entubar o paciente, fazer medidas invasivas para estabilizar e evitar essas complicações”, explica o neurocirurgião.

Segundo Espíndola, o paciente pode ficar com sequelas típicas de um AVC, a depender da região do cérebro afetada – área da fala, motora, memória ou sensibilidade, por exemplo. “Às vezes, o paciente pode ficar em coma durante muito tempo. E quando ele sai do coma, pode ficar com sequelas graves, acamado, bem debilitado”, esclarece.

Bruno continua internado em uma clínica de reabilitação e ainda tem muitas limitações no movimento do braço, mas já consegue andar. As sessões de fisioterapia duas vezes ao dia e aplicações de botox ajudaram no processo de recuperação.

“Nossa vida no momento está 100% focada na reabilitação do Bru”, conta a esposa. “Ele está cada dia mais independente. Já consegue comer sozinho, tomar banho, mas precisa de ajuda para se trocar e fazer algumas pequenas coisas do dia a dia, como calçar o tênis”, explica.

O jovem analista de atendimento sente falta de trabalhar, mas a sua maior saudade é da filha Madalena, de 1 ano e 8 meses. Trabalhando em casa, Bruno passava o dia com a menina.

“Eles sempre foram grudados, e ela sofreu muito por não entender por que o Bruno tinha sumido. Eles só se viram um mês depois, quando ele saiu da UTI. Foi um encontro lindo”, conta Beatriz.

Tratamento com botox

Pacientes que tiveram AVC podem desenvolver espasticidade, um distúrbio que deixa o membro muito rígido, impossibilitando o movimento dos braços e pernas, por exemplo, e que dificulta o processo de reabilitação.

Nesses casos, a toxina botulínica (botox) pode ser usada para melhorar o quadro. “Ela ajuda a retomar alguns movimentos e permite que o paciente faça uma reabilitação melhor”, esclarece o neurocirurgião.

Segundo Beatriz, o botox foi essencial para o tratamento de Bruno, que sentia muitas dores e tomava remédios fortes para ter algum alívio. “Depois do botox associado a muita fisioterapia, ele não reclama mais de dores e está com o movimento bem ampliado”, conta.

A família compartilha o processo de reabilitação pelo perfil Vencendo um AVC, no Instagram. O objetivo é fornecer informações para pacientes e famílias que passam pela mesma situação.

“É para que essas pessoas possam ter informações e esperança de que tudo melhora com o tempo. O importante após um AVC é investir o máximo possível em terapias, da maneira que for possível. Acredito que esses novos tratamentos vão ajudar ainda mais o Bruno nesse processo e logo ele voltará a ter uma rotina o mais normal possível”, considera Beatriz.

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