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Jaqueline Goes de Jesus, a brasileira que sequenciou o coronavírus em 48h

Cientista que detalhou código genético do 1º caso de Covid-19 da América Latina ganhou 167 mil seguidores nas redes sociais

atualizado

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Jaqueline Goes, cientista brasileira que sequenciou o coronavírus
1 de 1 Jaqueline Goes, cientista brasileira que sequenciou o coronavírus - Foto: Divulgação

Soteropolitana de 30 anos e sorriso largo, a cientista Jaqueline Goes de Jesus ganhou destaque nacional ao coordenar, com a colega Ester Sabino, a equipe que sequenciou o genoma do primeiro caso de coronavírus da América Latina em apenas dois dias. A informação é valiosa para vários estudos subsequentes que vão desde análises de como a epidemia se espalhou pelo país até o desenvolvimento de vacinas e tratamentos contra a Covid-19.

Jaqueline é formada em biomedicina pela escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e pós-doutoranda no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da USP (IMT-USP). Sua carreira começou há dez anos, como estudante de iniciação científica na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Bahia, com projetos que envolviam retrovírus. Desde então, estudou o comportamento de vírus como o HIV, o HTLV, fez o sequenciamento do zika vírus durante o surto de 2015 e 2016, e trabalhou com vigilância genômica dos arbovírus causadores da chikungunya, febre amarela e dengue.

Quando surgiram os primeiros casos de Covid-19 no mundo, Jaqueline estava envolvida no estudo da dengue no Instituto Adolfo Lutz. “A gente tem a possibilidade de utilizar a tecnologia para diversas coisas. Quando soubemos do surto do coronavírus na China, nos preparamos para a chegada do vírus no Brasil”, relata. Em 26 de fevereiro, foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no Brasil, de um empresário que havia testado positivo depois de uma viagem à Itália, as amostras coletadas seguiram para o laboratório de Jaque para que o vírus fosse detalhado.

Cientista e influenciadora digital 
O feito científico transformou-a imediatamente em uma influenciadora digital. Os seguidores do perfil particular do Instagram se multiplicaram em poucos dias, passando de algumas centenas para mais de 167 mil. “Deixei de usar o perfil como conta pessoal porque agora o público é outro. Uso como uma ferramenta para divulgação de informações científicas”, relata.

Na rede social, Jaque também expressa sua opinião política com posts exaltando a ciência, a representatividade negra e a capacidade feminina. O assassinato do adolescente João Pedro pela polícia do Rio de Janeiro, por exemplo, mereceu a participação em um vídeo, no qual ela pergunta: “Até quando?”.

Quando foi capa da revista Raça, a cientista também destacou a importância da publicação em sua trajetória. “Lembro de folhear a revista e me encantar com personalidades que eu via. Todos pretos, artistas, empreendedores, figuras importantes no cenário nacional. Ali, eu me reconhecia e me sentia representada”, afirmou.

Uma das homenagens que mais a emocionou foi a do cartunista Maurício de Souza, que a representou como a personagem Milena, da Turma da Mônica, no dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

“Fiquei superemocionada quando soube porque sempre li os gibis da Turma da Mônica. As histórias fizeram parte da minha infância e agora estou ali como uma personagem”, lembra. A publicação também trouxe visibilidade para a profissão de cientista. “Muitas amigas que têm filhas pequenas conseguiram explicar para elas a importância que a ciência tem de uma forma lúdica”.

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Jaqueline, no laboratório
A pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus exalta a importância da ciência, o orgulho negro e a capacidade feminina
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Com os traços de Magali e Milena, as cientistas Ester Cerdeira Sabino e Jaqueline Goes de Jesus foram homenageadas pela Turma da Mônica

@turmadaônicma/Instagram
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Jaqueline, no laboratório

Arquivo pessoal/ Jaqueline Goes de Jesus
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A pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus exalta a importância da ciência, o orgulho negro e a capacidade feminina

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Presença feminina
Na visão da pesquisadora, as mulheres sempre estiveram nos laboratórios brasileiros, mas a visibilidade é recente.

“Essa divulgação do nosso grupo trouxe à luz muitas pesquisadoras mulheres que fazem trabalhos brilhantes e que não tinham reconhecimento ainda. No entanto, maior do que o reconhecimento, foi trazer essa discussão para a sociedade: de que mulheres foram consideradas por anos menos capazes e estão liderando pesquisas importantes”, ressalta.

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