Infecções por HIV no Brasil crescem pelo terceiro ano consecutivo
Boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde sobre o HIV indica que a maioria dos infectados em 2023 é homem e jovem
atualizado
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O Ministério da Saúde atualizou na quarta-feira (11/12) os números do Boletim Epidemiológico de HIV e aids com os dados de 2023. Foram 46,6 mil pessoas infectadas com o vírus no Brasil no ano passado, um aumento de 4,5% em relação ao que foi registrado em 2022.
Desses casos, 63,2% eram de pessoas autodeclaradas negras (49,7% de pardos e 13,5% de pretos) e 53,6% dos casos ocorreram em homens que fazem sexo com homens.
Os homens jovens parecem ter voltado a ser o público mais atingido pelo HIV nos últimos anos no Brasil. Em 2007, o país havia conseguido alcançar uma proporção de 14 casos em homens para 10 casos em mulheres, mas a quantidade não se manteve: em 2023, foram 27 casos em homens para cada dezena no público feminino. Nos registros mais recentes, 56% das pessoas que receberam o diagnóstico do HIV são homens entre 15 e 34 anos.
PrEP pode estar por trás do crescimento dos diagnósticos de HIV
Os dados consolidam uma tendência de aumento de casos de infecção pelo HIV no Brasil. Nos boletins de 2022 e 2021 também foram registrados aumentos, uma curva ascendente inicialmente atribuída à redução de casos durante a pandemia de Covid-19. O Ministério da Saúde, porém, credita os casos ao crescimento da capacidade dos serviços de saúde do Brasil em disponibilizar os testes rápidos e terapias para evitar o contágio, como a PrEP.
“Aumentamos a oferta de profilaxias como a PrEP, que cresceu em 100% seu número de usuários no Brasil em 2023 e, para entrar em PrEP, as pessoas precisam se testar”, justificou o diretor do departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (Dathi/SVSA), Draurio Barreira.
Outro aspecto preocupante é o aumento regular de detecção ao longo dos últimos anos de gestantes com HIV. O número atual, de 3,3 casos por mil nascidos vivos, é o maior da história. Cerca de 45% das mães diagnosticadas (414 casos) não sabia que tinha o vírus antes do pré-natal. Apenas 70,4% das gestantes com HIV estavam fazendo tratamento com antirretrovirais em 2023. A meta do governo é alcançar 95% até 2030.
Caem as mortes por aids
Na outra face da moeda, porém, a taxa de mortalidade por aids caiu: 3,9 óbitos por 100 mil habitantes em 2023, a menor dos últimos 10 anos. Desde 2016, a maioria das pessoas com HIV não chega a desenvolver a aids, já que costuma receber o tratamento antes da manifestação dos sintomas.
Com as limitações do acesso aos remédios que permitem manter a doença intransmissível e indetectável, no entanto, ainda há uma grande proporção de casos no Brasil. Foram 38 mil novos diagnósticos de aids e 10 mil mortos em decorrência da doença neste ano.
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