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Embora tratáveis, infecções por Candida têm alta mortalidade no Brasil

Pesquisa mostra que as infecções fúngicas graves são tratadas de forma tardia e matam 50% dos infectados em um mês

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Apesar de tratáveis, infecções por Candida ainda tem alta mortalidade no Brasil
1 de 1 Apesar de tratáveis, infecções por Candida ainda tem alta mortalidade no Brasil - Foto: iStock / Getty Images Plus

Os fungos do gênero Candida são responsáveis por doenças comuns como o sapinho e a candidíase, mas entre eles também estão os principais causadores de infecções hospitalares graves. Um exemplo foi o surto de Candida auris em hospitais de Recife-PE em maio.

Uma pesquisa de médicos da USP apontou que infecções deste tipo, chamadas de candidemias, apesar de estarem sendo tratadas de forma mais eficiente nos hospitais brasileiros, seguem tendo uma taxa de mortalidadade maior do que o padrão. Metade das pessoas que acaba infectadas no ambiente hospitalar morre em até um mês.

No Brasil, a taxa de incidência chega a 2,49 casos de infecções por Candida por mil admissões nos hospitais públicos. Este número corresponde a uma taxa de duas a quinze vezes maior do que as relatadas nos Estados Unidos e em países da Europa.

Como foi feita a pesquisa?

Publicada no Journal of Fungi em abril, a análise foi feita com dados de 11 hospitais públicos e privados, num total de 616 casos computados em dois períodos: 2010 a 2011 e 2017 a 2018. Foram 369 casos no primeiro período e 247 no intervalo mais recente. O uso de remédios antifúngicos da alta eficiência foi muito ampliado. Passou de 13% para 41%, mas não houve reflexo nos índices de mortalidade.

“Temos uma taxa de mortalidade com 14 dias da infecção em torno de 35%, e em torno de metade dos casos em 30 dias. É muito elevado e, há alguns anos, nos perguntamos a razão, comparando com as taxas de outros países”, destaca o professor da Unifesp, Arnaldo Colombo, um dos líderes do estudo, a Agência da Fapesp.

Como ocorrem as infecções por Candida?

A utilização de cateter venoso central é um dos fatores de risco; há evidências de que sua remoção ajuda a reduzir a mortalidade por candidemia candida
A utilização de cateter venoso central é um dos fatores de risco

A candidemia é uma complicação que, geralmente, aparece em pacientes críticos, hospitalizados por longos períodos, principalmente em UTIs. O fato de catéteres intravenosos serem usados por longos períodos nos pacientes facilita as infecções.

O fungo que causa a candidemia hospitalar mais comum é o mesmo que coloniza o trato gastrointestinal e causa a candidíase vaginal. “Ele é inofensivo quando se está com boa imunidade e fora do contexto de uma hospitalização. Mas o uso de antibióticos reduz a microbiota bacteriana e aumenta a população de Candida. O cenário passa de ser vivendo com o inimigo de forma saudável e se transforma em vivendo com o inimigo de forma crítica”, explica Colombo.

Para os pesquisadores é preciso investir em testes que permitam identificar a infecção mais rápido para uma resposta mais eficiente. Os exames atualmente disponíveis identificam apenas 50% dos casos.

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