metropoles.com

Indústria X Consumidor: o que está em jogo na mudança de rótulos

Até o final do ano, o Brasil terá novas regras para a rotulagem de produtos alimentícios industrializados

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
vgajic, Getty Images
rotulagem
1 de 1 rotulagem - Foto: vgajic, Getty Images

O hábito trivial de ir ao supermercado escolher os produtos que irão para a despensa sofrerá alterações sensíveis em 2019. Está previsto que até o final do ano o Brasil adote um novo sistema de rotulagem para os produtos alimentícios industrializados. O assunto, de extrema importância para a saúde das pessoas, está em discussão desde 2015 e divide opiniões. De um lado, estão os representantes dos consumidores e de outro, os da indústria de alimentos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a responsável por legislar sobre o assunto. A expectativa é que, entre julho e setembro, seja divulgada uma consulta pública com a proposta final de regulamentação. Neste momento, consumidores e entidades poderão fazer suas contribuições. De acordo com a agência, até aqui, não há um modelo fechado, existem apenas estudos a cerca de experiências desenvolvidas no Brasil e em outros países.

Há consenso que o atual modelo de rotulagem é confuso e pouco informativo, além de não ajudar o comprador a saber exatamente o que levará para casa. A intenção é que o novo modelo facilite o entendimento das pessoas sobre o perfil nutricional de cada alimento e estabeleça padrões homogêneos, de maneira a permitir que produtos semelhantes possam ser comparados. Ou seja, com uma análise rápida, será possível verificar qual contém mais sódio e qual contém menos sódio, por exemplo.

O maior embate é entre o modelo de advertência frontal, em forma de triângulos negros, e o alerta de semáforo, colorido. A adoção de alertas frontais em forma de triângulos foi inspirada no modelo chileno, aprovado em 2016, que traz informações como alto em gordura trans, rico em açúcar ou sódio. Recentemente, o Peru adotou a obrigatoriedade deste modelo para a rotulagem de alimentos industrializados.

As 47 entidades da sociedade civil que fazem parte da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, inclusive o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), defendem um modelo semelhante a este. Eles acreditam que a proposta é capaz de auxiliar os consumidores a fazer escolhas alimentares mais saudáveis, além de estimular os fabricantes a reformular seus produtos.

A Organização Pan-Americana de Saúde, órgão ligado à Organização Mundial de Saúde (OMS), também apoia a adoção do modelo frontal de alertas. A OMS estima que meio milhão de pessoas morrem a cada ano por causa dos efeitos da gordura trans no organismo. O componente está presente em quase todos os produtos industrializados ou ultraprocessados e causa inflamações, agressões aos vasos sanguíneos e alterações nos níveis de colesterol.

Enquanto isso, a Rede Rotulagem, formada por 22 organizações empresariais, propõe o modelo do semáforo, no qual as informações nutricionais são apresentadas na parte da frente das embalagens, com destaque em cores para as quantidades de açúcares, gordura saturada e sódio. O formato é utilizado na Inglaterra, França e Dinamarca.


Recentemente, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu um modelo semelhante, em vigor na Itália, onde é conhecido como GDA. Na parte frontal da embalagem, estão informações nutricionais-chave, como calorias, sódio, açúcar e gorduras saturadas, mas sem alertas. Oficialmente, no entanto, o Ministério da Saúde não bate o martelo para nenhum modelo.

“O Ministério da Saúde reconhece a relevância do debate sobre a rotulagem nutricional no sentido de apoiar escolhas alimentares saudáveis pela população, bem como de estimular as indústrias de alimentos a melhorarem o perfil nutricional dos produtos para a redução de sódio, gorduras e açúcar, desenvolvendo opções mais saudáveis.”

Em relação aos possíveis prejuízos econômicos, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), que faz parte da Rede Rotulagem, estima em R$ 100 bilhões ao ano o impacto negativo em caso de adoção dos alertas, o que equivale a quase a metade do faturamento das empresas do setor.

Em paralelo, há cerca de um mês, os senadores da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovaram o Projeto de Lei nº 2.313/2019, que inclui o indicativo da composição nutricional na embalagem de produtos com elevados teores de açúcar, sódio e gorduras.

Caso seja aprovado em votação final na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC), a indústria terá que se adequar e colocar mensagens claras, destacadas, legíveis e de fácil compreensão, na parte da frente das embalagens. Os produtos cujos teores de sódio, açúcar e gorduras sejam intrínsecos ao alimento ficam isentos da regulamentação.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?