“Imunidade do amor” não existe: visitar parentes pode transmitir a Covid-19
Apesar de o país estar em um platô alto de contaminações, muitas pessoas estão deixando as precauções de lado para matar a saudade
atualizado
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Apesar de o Brasil ainda estar em um platô alto de mortes e novos casos de coronavírus, inúmeras pessoas já abandonaram o isolamento e voltaram a se encontrar com familiares. Acreditando na chamada “imunidade do amor”, muitas dispensam o uso de máscaras e abraçam pais e avós.
Porém, infectologistas alertam que o coronavírus segue em circulação, e que, como no começo da pandemia, é perigoso estar em contato próximo com pessoas idosas ou do grupo de risco. Ressaltam ainda que pessoas assintomáticas podem transmitir o Sars-CoV-2.
Lívia Vanessa, infectologista e membro da diretoria da Sociedade de infectologia do DF, explica que, como a Covid-19 é uma doença respiratória, o vírus passa de um indivíduo para outro e não escolhe o alvo por parentesco ou afinidade. “Se uma pessoa é exposta, ela tem a capacidade de passar para os membros da família, principalmente em casas com pessoas idosas”, diz a especialista.
Segundo a médica, visitar familiares é um perigo neste momento. O ideal é evitar, mas se for necessário, deve-se tomar todos os cuidados, como escolher um ambiente aberto, usar máscaras, fazer distanciamento de pelo menos dois metros e higienização frequente das mãos e superfícies.
“Quem está visitando um idoso pode ter certeza de que está quebrando o isolamento. Existe a chance de qualquer pessoa ser um portador assintomático, ou com sintomas muito leves, e acabar levando o vírus para os mais vulneráveis. As pessoas acham que a máscara protege plenamente, mas não adianta usar o item e abraçar, por exemplo”, ensina a infectologista.
Vanessa diz ainda que alguns estudos mostram uma associação genética quanto à manifestação da Covid-19, ou seja, pessoas de uma mesma família podem reagir de forma semelhante à doença. “Não há estudos conclusivos, mas a comunidade científica está em alerta para esse padrão. Se algum familiar teve quadro exacerbado, outros pacientes também podem ter”, pontua a especialista.