Implante na medula ajuda homem com Parkinson avançado a voltar a andar
Andar sem cair era algo que Marc Gauthier, 63 anos, não conseguia desde que o Parkinson evoluiu. Dispositivo foi implantado na Suíça
atualizado
Compartilhar notícia
O francês Marc Gauthier, 63 anos, diagnosticado com Parkinson avançado, conseguiu caminhar novamente com fluidez e estabilidade após receber um implante na medula espinhal. Andar sem cair era algo que ele não conseguia fazer desde que a doença evoluiu. Mark sofre as consequências do Parkinson desde os 36 anos de idade.
A tecnologia experimental foi desenvolvida por pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne (EPFL). O resultado foi publicado na revista Nature Medicine nesta segunda-feira (6/11).
O dispositivo é implantado na região lombar, sobre a medula espinhal lombossacral. Ele estimula a área com pulsos elétricos que ativam os circuitos neurais disfuncionais das pernas e foi implantado no Hospital Universitário de Lausanne (CHUV), na Suíça.
Para o experimento, os cientistas personalizaram os estímulos colocando sensores nos pés e pernas de Marc, e demonstrou-se que o equipamento melhora a marcha. A mesma técnica é usada também de forma experimental em pessoas com paralisia provocadas por lesões na medula espinhal. Elas conseguiram ficar de pé sozinhas e caminhar por curtas distâncias.
Marc conta, em entrevista ao site da universidade, que liga o dispositivo oito horas por dia, e desliga quando vai ficar sentado por muito tempo ou está indo dormir. “Ele me permite andar melhor e ficar estável. Agora, não tenho medo nem das escadas mais. Todo domingo eu vou ao lago e caminho por seis quilômetros. É incrível”, afirma.
“Não existem terapias para resolver os graves problemas de marcha que ocorrem em uma fase posterior do Parkinson, por isso é impressionante vê-lo andar”, afirma a neurocirurgiã da EPFL e principal autora do artigo, Jocelyne Bloch, à revista Nature Medicine.
Os médicos envolvidos no estudo acreditam que a tecnologia poderia ser usada de forma mais ampla em pacientes diagnosticados com Parkinson avançado que sofrem com problemas de mobilidade.
“Acreditamos firmemente que muitos indivíduos poderiam se beneficiar desta terapia”, afirma o médico Grégoire Courtine, professor de neurociência no EPFL, na Universidade de Lausanne e no CHUV, em entrevista à agência Reuters.
Parkinson
O Parkinson é uma doença neurológica degenerativa que afeta os movimentos dos pacientes. Os sintomas mais marcantes são os tremores, lentidão para executar movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita.
A progressão da doença é muito variável para cada paciente. Em geral, ela segue um curso lento, regular e sem mudanças dramáticas, segundo a Associação Brasil Parkinson.
Os pesquisadores esperam fazer novos testes do equipamento com outros seis pacientes em 2024.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!