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IBGE: 63% dos estudantes tinham experimentado álcool antes da pandemia

Levantamento feito com alunos entre 13 e 17 anos de escolas públicas e privadas mostra contato precoce com bebidas alcoólicas

atualizado

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De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019, divulgada nesta sexta-feira (10/9) pelo IBGE, 63,3% dos estudantes entre 13 e 17 anos já experimentaram bebidas alcoólicas. O levantamento, feito com alunos de escolas públicas e privadas, mostra ainda que 34,6% beberam antes dos 14 anos, e que as meninas são as mais expostas ao álcool precocemente: 36,8%, contra 32,3% dos meninos.

Entre os participantes de todas as idades, 47% disseram já ter ficado embriagados e apenas 15,7% tiveram algum problema por ter bebido. O índice entre adolescentes de 13 a 17 anos com consumo abusivo foi de 9,7%. O consumo considerado abusivo pelo levantamento é de cinco doses para meninos e quatro para meninas em apenas uma ocasião — uma dose corresponde a um copo de chope, uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça.

No momento do questionário, 28,1% dos participantes disseram ter consumido pelo menos uma dose nos últimos 30 dias. A pesquisa mostra que o consumo de álcool por estudantes é mais frequente no Sul e Centro-Oeste, regiões que ficaram acima da média nacional. Norte e Nordeste têm os menores porcentuais.

Segundo Marco Andreazzi, a ingestão de bebida alcoólica por adolescentes pode causar problemas de saúde, além de aumentar as chances de consumo abusivo na vida adulta. “Os efeitos secundários incluem problemas renais, hepáticos, cardíacos e de desenvolvimento cerebral. São efeitos muitos diversos e, quanto mais precoce for esse uso, maior o risco de doenças crônicas degenerativas que ocorrem em função desse uso prolongado”, diz, em entrevista à Agência de Notícias do IBGE.

Cigarro

O PeNSE também questionou os estudantes sobre cigarro: 22,6% dos participantes disseram já ter experimentado, e a porcentagem de meninos e meninas foi semelhante. Cerca de 6,8% fumaram nos 30 dias anteriores à pesquisa.

Os adolescentes disseram ter conseguido o cigarro principalmente em bancas de jornal, lojas, bares, padarias ou botequins (37,5%). Os que consumiram álcool tiveram contato com as bebidas em festas (29,2%) ou no mercado (26,8%).

“O que isso mostra é que existem atos ilícitos de compra e venda desses produtos. Há, na nossa pesquisa, outras possibilidades de resposta a essa pergunta, mas a compra é a mais frequente forma de obtenção. Ou seja, a legislação não está sendo cumprida adequadamente”, aponta Andreazzi.

Os participantes responderam ainda sobre o consumo de cigarro eletrônico (16,8% já experimentaram), assim como o narguilé (26,9%).

Sobre as drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack e ecstasy), 13% dos estudantes disseram já ter experimentado, e 4,3% deles tiveram o primeiro contato antes dos 14 anos de idade.

O levantamento foi feito antes da pandemia, mas Andreazzi acredita que o cenário deve estar ainda mais agravado no momento, com o isolamento social e distanciamento do ambiente escolar. “É importante conhecer o que já vinha acontecendo antes desse período para perceber essa realidade que vai surgir logo após. O fato de a pesquisa ter sido realizada pouco antes da pandemia nos permite ter um ponto de referência para medir os impactos e até orientar as medidas de controle”, conclui.

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