Humanos transmitem mais vírus aos animais que o contrário, diz estudo
Embora algumas doenças sejam conhecidas por ter saltado dos animais para infectar humanos, é mais comum que nós sejamos os transmissores
atualizado
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Existem dezenas de doenças que saltaram de outros animais, especialmente mamíferos, para começar a infectar humanos. A Covid-19, a gripe aviária e até a aids são condições que apareceram nos últimos 50 anos em pessoas após circular entre bichos.
Um estudo publicado na Nature nessa segunda-feira (25/3), entretanto, mostrou que o caminho contrário de infecções é muito mais poderoso. Os humanos transmitem ainda mais doenças para os animais do que anteriormente se imaginava.
Muitos dos vírus que geram epidemias em animais selvagens saltaram de hospedeiros humanos. A pesquisa rastreou o caminho biológico de 32 famílias de vírus que representam mais de 2 mil doenças que afetam múltiplas espécies.
Doenças de humano
Os cientistas identificaram que 599 espécies de vírus estavam em humanos e em outros animais (21% do total pesquisado), mas em 64% dos casos, pela análise de DNA viral feita, eles saltaram de humanos para animais e não o contrário: foram 383 amostras de vírus desse tipo.
Embora o vírus causador da Covid-19 tenha sido transmitido aos humanos por morcegos, fomos nós que levamos a doença para a maioria das espécies. Os humanos transmitiram o coronavírus para 132 tipos de animais. A gripe também foi passada por nós para ao menos 37 espécies.
Vírus transmitidos por humanos afetaram cães e gatos domésticos, cavalos, porcos, gado, aves de criação, primatas selvagens e até ratos. Quanto mais selvagens os animais, mais eles pareciam suscetíveis a ser infectados pelas nossas doenças.
Gripe aviária como ameaça futura
Em entrevista à agência Reuters, o biólogo e analista de dados François Balloux, um dos líderes do estudo, apontou que o vírus que parece trazer mais preocupações por seus saltos atualmente é o H5N1, da gripe aviária.
“Ele circulava em aves selvagens, mas tem se disseminado em outras espécies com recentes saltos de hospedeiros até para mamíferos e humanos. As espécies não têm imunidade pré-existente à nova doença, por isso ela pode circular de forma preocupante em humanos”, indicou Balloux.
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