HUB passa a realizar “cirurgia do Mick Jagger” pelo SUS
O método é uma alternativa menos invasiva à cirurgia tradicional, substituindo a válvula aórtica do coração sem necessidade de abrir o tórax
atualizado
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O Hospital Universitário de Brasília (HUB) realizou, nesta quinta-feira (19/12), pela primeira vez, um implante de válvula aórtica transcateter (TAVI). O procedimento, que já foi realizado em outros hospitais públicos do Distrito Federal por meio de decisões judiciais, agora será oferecido de forma contínua pelo HUB, com o objetivo de torna-lo uma prática constante e acessível.
A abordagem é uma alternativa menos invasiva à cirurgia tradicional, permitindo a substituição da válvula aórtica sem a necessidade de abrir o tórax, o que diminui os riscos e agiliza a recuperação dos pacientes. O procedimento ficou conhecido mundialmente em 2019 após ser realizado no cantor Mick Jagger, líder da banda Rolling Stones.
“A TAVI, principalmente quando realizada por via transfemoral (pela perna), demonstrou redução de mortalidade quando comparada à cirurgia. Além disso, o tempo de internação, a incidência de insuficiência renal aguda, fibrilação atrial e sangramentos graves relacionados ao procedimento foram menores no grupo submetido ao método”, explica o cardiologista intervencionista Mateus Veloso e Silva, responsável pela realização do procedimento.
A técnica foi desenvolvida inicialmente para pacientes que não poderiam realizar a cirurgia de peito aberto. “Com o passar dos anos, foi aprimorada, sendo testada em pacientes de alto risco cirúrgico e, posteriormente, em pacientes de risco intermediário e baixo. Em todos esses grupos, os resultados foram consistentes”, acrescenta o médico.
Implante de válvula aórtica transcateter no SUS
O implante de válvula aórtica transcateter já foi realizado em hospitais públicos do Distrito Federal apenas em casos isolados, geralmente viabilizados por decisão judicial ou doação da indústria. Com a implementação desse serviço no HUB, o hospital se torna o primeiro a oferecer o procedimento de forma contínua pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso à técnica no Distrito Federal.
“Inicialmente, estamos planejando realizar 23 cirurgias. Esse número pode aumentar em caso de contratualização com a Secretaria de Saúde do DF”, afirma o médico.
Segundo o cardiologista, a implementação do projeto foi um processo de três anos, que incluiu estudos de viabilidade financeira e planejamento estratégico. “Neste último ano, houve um consenso entre os gestores e o time da assistência sobre a importância de iniciar o projeto. Em oito meses, conseguimos realizar o primeiro caso”, revela.
Além do TAVI, o HUB já havia avançado em outras áreas no setor de hemodinâmica, como procedimentos com imagem intracoronária, fisiologia e tratamento de lesões extremamente calcificadas, tornando-se o único serviço público do Centro-Oeste com acesso contínuo a esses recursos.
Quem pode realizar o TAVI?
O perfil ideal de pacientes para o TAVI é estabelecido pelas normas do Ministério da Saúde. São elegíveis pacientes com gravidade da estenose aórtica comprovada por ecocardiograma transtorácico, contraindicação à cirurgia aberta e idade a partir de 75 anos.
A estenose aórtica é um estreitamento da abertura da válvula aórtica que bloqueia o fluxo de sangue do ventrículo esquerdo para a aorta.
Em países com mais recursos financeiros, o TAVI é a primeira opção para pacientes com estenose aórtica e idade superior a 75 anos, e para os que tenham contraindicação à cirurgia ou risco cirúrgico moderado a alto.
“A avaliação do paciente exige a realização de exames fundamentais, como ecocardiograma, angiotomografia, cateterismo cardíaco e eletrocardiograma. Esses exames ajudam a definir o diagnóstico, planejar o tratamento e escolher a melhor prótese e via de acesso para o procedimento”, detalha o cardiologista.
O especialista também ressalta que pacientes frágeis, desnutridos ou com alterações cognitivas podem ser indicados para o TAVI, pois são mais vulneráveis aos riscos de uma cirurgia convencional. A ampliação do atendimento para outros grupos de pacientes ainda depende de resultados.
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