Pesquisadores da Universidade de Cambridge e do Imperial College London, ambos na Inglaterra, testaram as funções cognitivas de 46 pessoas com idade média de 51 anos. Todos haviam sido hospitalizados com Covid-19 em 2020. Um terço deles havia precisado do suporte de ventilação mecânica durante a internação.
Os participantes passaram por testes de memória, de atenção e de raciocínio seis meses após a alta hospitalar. Para conseguir realizar comparações, os pesquisadores usaram dados de 66 mil pessoas da população geral, disponíveis em um banco de dados.
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Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada
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Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo
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Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais
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Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar
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A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus
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Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo
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Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma "segunda onda" dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo
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Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia
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Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecção, uma covid longa
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Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19 para chegar às complicações mais comuns
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O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52%
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Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedade
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O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar
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Os pacientes da Covid obtiveram resultados nos testes de raciocínio aplicados: eles foram mais lentos para responder às questões e menos precisos. Eles também apresentaram uma pontuação mais baixa nos testes de analogia verbal, onde precisavam encontrar palavras adequadas para formar frases.
O grupo de pacientes que precisou do suporte de ventilação mecânica durante a internação obteve as piores pontuações nos testes. Para os pesquisadores, os resultados mostram com mais clareza o declínio cognitivo dos pacientes que sofrem com a Covid longa.
“Déficits cognitivos após a Covid-19 grave se relacionam mais fortemente com a gravidade da doença aguda, persistem por muito tempo na fase crônica e se recuperam lentamente, com um perfil característico destacando funções cognitivas mais altas e velocidade de processamento”, escreveram os autores do estudo.
Embora tenham notado uma melhora lenta e gradual dos pacientes dez meses após a doença, os cientistas ainda não têm certeza se todos se recuperarão das perdas. “Embora isso não tenha sido estatisticamente significativo, pelo menos está indo na direção certa, mas é muito possível que alguns desses indivíduos nunca se recuperem totalmente.”
Os resultados da pesquisa foram publicados na edição deste mês da revista eClinicalMedicine.
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